São Paulo – As mulheres que nesta quarta-feira (16) participaram do webinar “Desafios e oportunidades para mulheres fazerem negócios com os países árabes”, organizado pelo comitê feminino WAHI – Mulheres que Inspiram, da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, e pelo grupo Women Inside Trade (WIT), afirmam que ainda há um caminho a ser percorrido para que muitas desfrutem das mesmas condições que os homens para fazer negócios. Muito, porém, já se conquistou na busca por igualdade e reconhecimento no Norte da África e Oriente Médio.
A chefe de operações do Escritório para Oriente Médio e Norte da África da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Karen Jones, afirmou que o mundo árabe tem características comuns a todos os 22 países que o integram, como o idioma, porém com muitas particularidades entre si.
“Nos Emirados Árabes Unidos há um grande número de mulheres estrangeiras e emiratis que trabalham e têm grande sucesso. É um prazer vê-las bem-sucedidas. E até na Arábia Saudita, que é mais fechada, vemos avanços, o que é benéfico para o desenvolvimento do país”, disse Karen, que vive em Dubai e está no Oriente Médio há quase 20 anos. “Os desafios existem, exigem compreensão da cultura de negócios, exigem olho no olho, estar próximo. E o Brasil está muito bem posicionado na região”.
A presidente do conselho diretor da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Grazielle Parenti, observou que há oportunidades para que as mulheres não apenas ocupem seu espaço no mundo dos negócios como liderem empresas. “Sempre me interessei pela cultura árabe e desde que conheci, me surpreendi muito. Conheci mulheres incríveis. Vi desconforto por serem mulheres em posições de liderança, mas posso dizer que aqui no Brasil não é muito diferente”, comparou, ao analisar que é positivo ter cada vez mais mulheres em posições de liderança. “Existe afinidade quando se negocia e há mais mulheres na negociação. Há uma linha mágica que nos une”.
Além da presença da mulher como líder de negócios nos países árabes, o webinar abordou as conquistas e os desafios que ainda as aguardam. A estrategista em personal branding, comunicação e posicionamento de marca pessoal e lideranças femininas, Kellen Amorim, observou que por séculos as mulheres foram colocadas em posições inferiores. “Por enquanto, somos minoria por causa da questão histórica. Ao mesmo tempo, vejo mudanças com a condução de mulheres como líderes de governo, como líderes de empresas gerenciando crises”, observou. “Isso tudo é um pouco novo para nós. Algumas ousaram antes e é importante que participem na mentoria de outras mulheres”, afirmou.
O encontro foi aberto pelo presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, e contou com a mediação da gerente de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar. Dele participaram, também, a presidente do WAHI, Alessandra Frisso; a co-fundadora do WIT e gerente de Relações Institucionais da BMJ, Verônica Prates; a cluster-head das subsidiárias globais do Citibank Group para o Golfo e Iraque, Shamsa Al-Falasi; e a co-fundadora da feira internacional FoodeShow, Heuda Farah Guessous.
Também foram convidadas para o evento virtual as empresárias Cecilia Mendes Araujo, CEO da fabricante de cosméticos Vitta Gold, e Julia De Biase, sócia da loja de perfumes Al Ward, da fabricante de açaí com tâmaras Royal Queen e representante no Brasil e América Latina da marca Date Crown, de tâmaras e produtos de tâmaras.
As empresárias compartilharam suas experiências como mulheres ao fazer negócios com os árabes. “Nunca fui tão respeitada”, definiu Cecilia, que exporta para os países do Oriente Médio e Norte da África, principalmente o Egito. Julia apresentou um produto, o açaí com tâmaras, que reúne duas frutas típicas do Brasil e dos países árabes e que começou a ser vendido em Dubai em maio. Além de dividir seus conhecimentos, ela esclareceu algumas dúvidas no encontro para ampliar as vendas. E recebeu uma dica de Karen Jones útil para qualquer empreendedora: “Identificar o mercado em que se deseja atuar e avaliar se o distribuidor (para um determinado país) atende também outras nações”.
* Reportagem de Marcos Carrieri, especial para a ANBA
Leia outra reportagem da ANBA sobre o webinar:
Além dos Emirados: executivas apontam mercados promissores
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