São Paulo – Como era a vida e qual era o papel da mulher egípcia do tempo dos faraós? As diferenças entre a imagem idealizada no cinema da figura feminina daquela época e como era de fato o dia-a-dia das egípcias há centenas de anos serão tratadas na palestra “As mulheres e a vida cotidiana no Egito Antigo”. Apresentado pela egiptóloga Thais Rocha, o encontro ocorre na próxima segunda-feira (24), às 19 horas, na capital paulista. O evento é organizado pelo grupo Lente Cultural.
Mestre pela Universidade de São Paulo (USP) e doutoranda da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Rocha vem estudando documentos da época do Novo Império egípcio, período correspondente ao século 16 a.C. Segundo ela, a imagem de Cleópatra imortalizada por Elisabeth Taylor no cinema passa longe de ser a realidade das mulheres do Egito Antigo.
Ela conta que muitos registros da vida daquelas mulheres são encontrados em documentos funerários, cartas, registros de casamento e divórcio. “Quando olhamos para essa documentação, temos outra imagem dessa mulher”, diz.
A pesquisa de Rocha se concentra na vila de Deir-el Medina. Localizada na região de Tebas, a vila era local de moradia de famílias de elite, cujos homens se dedicavam à construção de tumbas para os faraós.
“As esposas que ficavam nas vilas eram responsáveis pelo funcionamento da casa. Elas tinham serviçais, filhas e sogras que moravam na casa e que também tinham atividades específicas”, diz.
Segundo Rocha, o pagamento do trabalho dos homens era feito em grãos. Os suprimentos, assim como a água que abastecia as famílias, eram entregues pelo governo. Às mulheres, então, cabia cuidar e decidir como seriam tratados os alimentos recebidos pela vila. “Essas mulheres eram responsáveis por receber os suprimentos e também por trocar por outras coisas que ficavam nos mercados fora da vila”, explica.
Além de administrar o ganho das famílias, as mulheres egípcias tinham ainda lugar de destaque na religião. “As sacerdotisas tinham um papel importante nos cultos religiosos”, aponta Rocha.
A vila estudada pela egiptóloga tinha 68 casas e seus objetos estão distribuídos em diversos museus pelo mundo. Rocha conta que em breve deve ir ao Egito para conhecer o local. Ela vem se dedicando ao estudo de Deir-el Medina desde outubro de 2015 e ainda deve levar cerca de um ano e meio trabalhando no tema.
Cultura em foco
A palestra de Rocha é uma das primeiras ações do grupo Lente Cultural. Criado por quatro amigos dedicados à área de cultura, o grupo tem como objetivo oferecer cursos e discussões a preços acessíveis na cidade de São Paulo.
Os temas árabes estão na pauta do grupo, assim como cinema, astrologia, design e outros. Quem quiser saber mais sobre as atividades do Lente Cultural pode acessar o link www.facebook.com/lentecultural.com.br.
Serviço
Palestra ‘As mulheres e a vida cotidiana no Egito Antigo’
Dia 24 de abril, das 19h às 21h30
Local: Auditório da Livraria Martins Fontes, Av. Paulista, 2º andar
Preço: R$ 45,00
Inscrição obrigatória. Interessados devem enviar nome, telefone e e-mail para contato@lentecultural.com.br