São Paulo – A participação das mulheres na população economicamente ativa caiu no mundo entre 1990 e 2013, mas aumentou no Oriente Médio e Norte da África (Mena, na sigla em inglês), onde estão os países árabes. O dado faz parte de um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU Mulheres) nesta segunda-feira (27), que mostra também o avanço nas demais regiões do mundo. Globalmente, ela passou de 52% para 50%. Na América Latina e Caribe a participação feminina cresceu bastante.
No Oriente Médio e Norte da África as mulheres saíram de uma presença econômica de 20% em 1990 para 22% em 2013. Apesar do pequeno avanço feminino, os homens ainda ocupam um percentual bem maior como agentes ativos na região: 75%. Há 25 anos eles respondiam por 76%. Na América Latina e no Caribe o avanço do período foi bem maior do que na Mena. As mulheres eram 40% da população ativa e passaram para 54%, de acordo com os dados das Nações Unidas.
Houve queda da presença feminina na economia do Sul da Ásia, Europa Central e Oriental e Ásia Central, Ásia Oriental e Pacífico, mas aumento no Oriente Médio e Norte da África, América Latina e Caribe, países desenvolvidos e África Subsaariana. O maior aumento foi em países latino-americanos. Entre os recuos, o pior resultado foi na Ásia Oriental e Pacífico, onde as mulheres tinham participação de 69% e ficaram com 62%.
O Oriente Médio e Norte da África são as regiões do mundo onde as mulheres têm um percentual mais baixo de participação econômica, segundo os números da ONU. Mas é nesta área, no entanto, que está a menor diferença salarial entre homens e mulheres, que é de 14%, abaixo da média global de 24%. Na América Latina e Caribe essa diferença de salários entre os gêneros é de 19%, a segunda menor. A maior diferença está no Sul da Ásia.
No levantamento, as Nações Unidas sugerem uma série de ações que devem ser tomadas para transformação da economia mundial levando em conta os direitos femininos. A primeira é criar mais e melhores empregos para as mulheres. “A participação das mulheres na população ativa se estancou em todo o mundo”, diz o relatório. A ONU também sugere a redução da segregação ocupacional e das diferenças salariais entre gêneros, já que as mulheres ocupam no mundo apenas 33% dos cargos de gestão contra 63% dos postos administrativos e de apoio.
Outro pedido da ONU é que seja fortalecida a segurança financeira das mulheres por todo seu ciclo vital. Segundo o estudo, pelo fato de terem menores salários e oportunidades desiguais de emprego, elas vivem em lares mais pobres. Entre as ações sugeridas ainda estão o reconhecimento, a redução e a redistribuição do trabalho doméstico e de cuidados não remunerados, já que normalmente essas tarefas cabem às mulheres.
A lista de demandas mundiais femininas segue com pedido de investimentos em serviços sociais com perspectiva de gênero, maximização de recursos destinados à igualdade, ajuda na organização de mulheres para exigência de direitos e de influência na agenda pública, criação de ambiente mundial favorável à realização dos direitos das mulheres, uso das leis de direitos humanos para desenhar políticas e potencializar mudanças, além de obtenção de evidências que permitam avaliar os avanços em direitos econômicos e sociais femininos.


