São Paulo – Os países árabes não ocupam o topo da lista de regiões no exterior para onde as empresas brasileiras se expandiram, mas eles já atraíram um grande número delas. Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras, divulgado nesta quarta-feira (09) pela Fundação Dom Cabral (FDC), mostra mapa da internacionalização das companhias brasileiras e aponta unidades em pelo menos 13 países árabes.
Segundo o levantamento, há de 11 a 20 empresas do Brasil nos Emirados Árabes Unidos, duas a dez na Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Arábia Saudita, Omã e Líbano, e uma no Marrocos, Mauritânia, Catar, Iraque e Jordânia. “Acho que poderia ter mais empresas brasileiras, mas não há uma ausência”, afirmou o professor e pesquisador do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da FDC, Sherban Leonardo Cretoiu, sobre o mundo árabe.
Os Estados Unidos é o país onde há maior presença de companhias brasileiras, seguido por Argentina, México, Colômbia, Chile, China, Peru, Uruguai, Paraguai, Portugal, Bolívia e Venezuela. No total, elas estão em 100 países, em todos os continentes, mas 82,2% estão na América do Sul. “Elas buscam em suas estratégias de internacionalização investimentos em regiões onde têm mais familiaridade e onde o risco é menor”, explica Cretoiu.
A busca, porém, não é apenas pela proximidade geográfica, mas também pela cultural e política. E esse, segundo o pesquisador, é um movimento que ocorre não apenas com as multinacionais do Brasil, mas com empresas em geral. “É natural”, afirma.
Mas ele destaca também expansão para a Ásia, para países como China e Índia, além dos países africanos lusófonos.
O pesquisador acredita que há um desconhecimento do potencial do mundo árabe e das suas facilidades para investir. E por isso muitas empresas acessam esses mercados de outras regiões, como África e Europa. Dos Emirados, onde há maior número delas, as empresas atuam em outras nações árabes. Cretoiu destaca que na região as empresas brasileiras são principalmente prestadoras de serviços ou têm subsidiárias comerciais e não manufatura.
A pesquisa mostra que houve aumento de 7% na internacionalização das empresas. Para medir a internacionalização de cada empresa, a FDC leva em conta os ativos, receitas e funcionários da companhia no exterior sobre o total de ativos, receitas e colaboradores da empresa. O levantamento engloba empresas de todos os portes e não apenas as grandes. Foram ouvidas 62 empresas, das quais 48 multinacionais e 14 empresas com franquias no exterior. Para calcular a internacionalização das franquias, a pesquisa mede o quanto representam dados de operações no exterior em relação aos do mercado doméstico.
A pesquisa aponta a Fitesa, fabricante gaúcha de nãotecidos para aplicação nas áreas de higiene e especialidades médicas e industriais, como a companhia mais internacionalizada do País. A segunda é a construtora Norberto Odebrecht, seguida pela InterCement (cimentos), Gerdau (siderúrgica), Stefanini (tecnologia), Marfrig (alimentos), Artecola (químicos), Metalfrio (refrigeradores e freezers), CZM (máquinas) e JBS (alimentos). Esse ranking leva em conta as multinacionais e empresas com operações no exterior, e não franquias.
Segundo essa mesma lógica, e levando em contra o número de países onde as companhias mantêm subsidiárias, a empresa brasileira mais internacionalizada é a construtora Andrade Gutierrez, seguida pela Stefanini, WEG (motores), Vale (minérios), Marcopolo (ônibus), Banco do Brasil, BRF (alimentos), Magnesita (refratários), Natura (cosméticos), Votorantim (cimento, mineração e metalurgia, siderurgia, celulose e papel, suco), JBS, construtora Norberto Odebrecht e Itaú-Unibanco. A maior parte das empresas multinacionais analisadas disse que pretende expandir a atuação no exterior onde já atua em 2015.
Entre as franquias, a rede mais internacionalizada do Brasil é a iGUI Piscinas, tanto pelo índice de internacionalização quanto pela quantidade de lojas no exterior. A segunda é a Localiza, locadora de carros, e a terceira, a Dudalina, de roupas.


