Roma – Três exposições que têm como tema o mundo árabe atraem visitantes em Paris e Roma até abril de 2013. Aladim, Simbad, o marujo, Sherazade e outros personagens do célebre livro As mil e uma noites estão em mostra no Instituto Mundo Árabe, em Paris. A exposição foi inaugurada esta semana e fica aberta ao público até 28 de abril de 2013.
São mais de 350 peças vindas das coleções de 62 museus mundo afora. Entre as obras estão, por exemplo, manuscritos raros, esculturas, pinturas, filmes e objetos que são verdadeiras chaves de leitura para o entendimento da famosa obra literária. As peças vêm de instituições como os Museus do Vaticano, na Itália, e também de coleções particulares.
O percurso proposto pelos curadores da exposição parisiense, Elodie Bouffard e Anne-Alexandra Joyard, começa a partir da gênese hindu-persa, passando pela divulgação de histórias em língua árabe por volta do século VIII, até, finalmente, chegar à primeira tradução em francês na Europa, entre 1704 e 1717, realizada por Antoine Galland, professor de árabe no Collège de France.
Inspiração
De acordo com os curadores, As mil e uma noites é uma das obras que mais influenciou o ambiente artístico do século XIX até os dias de hoje. Inspirou diretores no teatro e no cinema, como o italiano Pier Paolo Pasolini e o francês Méliès, na pintura os artistas Picasso e Magritte, e outros tantos autores nos campos da música, ópera, fotografia e literatura. Segundo Elodie, as histórias do livro sempre fascinaram os europeus e, por isso, tornaram-se um importante elemento de ligação entre o Oriente e o Ocidente.
Rota da seda
A ligação entre os países do Ocidente e do Oriente é também o tema central da mostra Via della Seta (Rota da Seda), que ocorre em Roma, na Itália, no Palazzo delle Esposizioni, até o dia 10 de março do ano que vem. Organizada pelo Museu de História Natural de Nova York, a exposição tem uma linha curatorial didática, com cerca de 150 objetos entre pinturas, tecidos, cerâmicas, maquinário e várias outras peças, que explica aos visitantes a incrível aventura do nobre tecido: a seda.
A mostra foi dividida em cinco blocos, por cidades. O percurso começa na China, em Xi’an, que era capital da Dinastia Tang (618-907 d.C.), localizada no coração da planície central chinesa, marcada pela tolerância religiosa e uma sólida estrutura administrativa. Xi’an era referência para a produção da seda, uma cidade pulsante e movimentada e de lá partiam as caravanas rumo ao noroeste. A segunda parada importante da mostra é a cidade de Turpan, situada no deserto de Taklamakan, que se tornou o primeiro centro comercial da Via della Seta. Turpan tornou-se conhecida por difundir um antigo sistema de irrigação, o Karez, que permitiu o crescimento econômico da cidade, circundada de plantações agrícolas.
Samarcanda
No Uzbequistão, a cidade de Samarcanda é a principal integrante da rota da seda. Era conhecida por ter os bons mercadores, que transitavam com frequência e facilidade pela Índia, Pérsia e China. Por essa característica, em Samarcanda se encontravam bens de consumo de luxo, por exemplo, e de diversas culturas. Era ponto de encontro de povos distantes. Nos achados da cidade, expostos na mostra, os primeiros documentos em papel, que mostravam as transações comerciais do período, e também textos.
A intelectual Bagdá, centro de paz
Quem só se lembra de Bagdá por conta dos conflitos da atualidade, não pode imaginar que no contexto da Rota da Seda, a cidade era um ponto de referência para a paz e o diálogo. Fundada em 762 d.C., nas margens do rio Tigre, era a capital da dinastia dos abássidas (750-1258) e o centro intelectual do mundo islâmico. Bagdá era onde se realizavam pesquisas nas áreas de ciência e tecnologia – para a seda, para a navegação, para a produção de vidros, etc. Era também a cidade da literatura e dos estudiosos, um centro pensante.
Era em Bagdá que os viajantes paravam, definiam suas estratégias, repensavam suas viagens. A exposição mostra que das ruas da cidade partiam caravanas tanto para sul, em direção ao Golfo Pérsico, como para o noroeste, atravessando a Síria e chegando ao Mar Mediterrâneo e, de lá, com o desenvolvimento do comércio marítimo, para o resto do mundo. No último bloco, Marco Polo, suas viagens e Veneza.
Relações diplomáticas também em mostra
Por último, também em Roma, há a mostra O trono da rainha de Sabá, no Museu Nacional de Arte Oriental Giuseppe Tucci, que estará aberta ao público até o dia 13 de janeiro. São cerca de 60 objetos entre documentos, livros, quadros, roupas joias e peças arqueológicas que ilustram as relações entre Itália e Iêmen.
86 anos
As peças foram recolhidas durante quase 90 anos por exploradores, geógrafos, escritores, arqueólogos e médicos que passaram pelo país árabe no período. Aprendendo com a cultura árabe, mas também deixando uma importante contribuição, principalmente no campo da arqueologia em cidades como Sana’a e Shabwa.
Na exposição, o visitante vai encontrar uma seleção de fotografias e documentos de viagem que ilustram a passagem italiana pelo Iêmen entre 1877 e 1939. O material foi cedido pelo Instituto Italiano para a África e Oriente e pela Sociedade Geográfica Italiana. Entre os mais curiosos, destaque para os documentos do explorador italiano Renzo Mazoni, um manuscrito original Três anos felizes na Arábia, fotografias da época e um mapa da capital iemenita, desenhado em janeiro de 1879.