São Paulo – Apesar do arrefecimento da pandemia de covid-19 e da reabertura do varejo físico ao redor do mundo, os consumidores seguem comprando produtos de moda, como calçados, pela internet. No ano passado, quando grande parte das lojas fechou por causa do vírus, a opção foi fazer aquisições pelo e-commerce. Neste ano, apesar da queda das restrições de contatos sociais, as vendas de moda por canais virtuais seguem em expansão.
Foi o que mostrou dado apresentado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) nesta quarta-feira (06) tendo como base o desempenho do Global Fashion Group, grupo de comércio eletrônico de moda que detém marcas de lojas online como Dafiti, Zalora, La Moda e The Iconic. Houve crescimento nas vendas no segundo trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2020, quando a covid-19 estava em plena propagação.
“A gente está olhando comparativamente a uma base durante a pandemia, mas a gente observa crescimentos interessantes, tanto no e-commerce em termos de valor líquido de mercadorias, em euros, quanto também no número de clientes ativos”, disse a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck (foto acima, de abertura), em evento online que apresentou para fabricantes brasileiras de calçados uma análise do cenário internacional do segmento e perspectivas para o ano que vem.
Na América Latina, o avanço do e-commerce do Global Fashion Group foi de 21,4% nas vendas no segundo trimestre deste ano sobre o mesmo período de 2020. A base de clientes cresceu 20,4% e o ticket médio de compras por pessoa aumentou 11,8%. No Sudeste Asiático o crescimento foi de 23,6% em valor, 3,4% na base de clientes e 26,3% no consumo por pessoa. Na Comunidade dos Estados Independentes (CEI), esses números avançaram 32,5%, 20,4% e 12,1%, respectivamente, e na Nova Zelândia e na Austrália cresceram 67,5%, 14,3% e 16,7%, respectivamente.
A coordenadora da Abicalçados deu um panorama sobre a produção brasileira de calçados e a exportação. A fabricação nacional não deve alcançar em 2022 os níveis pré-pandêmicos, mas a exportação sim. O mercado interno absorve grande parte da produção nacional e o seu aquecimento depende de fatores como a geração doméstica de empregos e renda. “Em 2021 viemos num cenário de recuperação, mas ainda abaixo do nível de 2019, estamos crescendo acima de 2020, mas não alcançamos o nível de 2019”, disse Linck, sobre a produção.
Exportação já cresce
As vendas externas de calçados já superaram neste ano, em volume, o desempenho de 2019, antes da covid-19. De janeiro a setembro deste ano, elas foram de 86,2 milhões de pares, bem acima dos 64,5 milhões de pares do mesmo período de 2020 e um pouco superior aos 85,4 milhões de pares embarcados de janeiro a setembro de 2019. A Abicalçados espera crescimento em volume no total exportado neste ano, de 25,5% sobre o ano passado, e em 2022, de 5,1% sobre 2021. Já a receita da exportação não deve acompanhar o movimento porque muitas empresas estão diminuindo os preços dos calçados em dólares para ganhar competitividade no exterior.
Priscila Linck mostrou que entre os cinco maiores mercados consumidores de calçados no mundo, três deles já chegaram, no primeiro semestre deste ano, a volumes de compras próximos de antes da covid-19. Eles são Estados Unidos, Alemanha e França. Já Reino Unido e Japão, que estão na quarta e quinta posição entre os maiores mercados mundiais, respectivamente, ainda fazem importações bem menores do que no primeiro semestre de 2019. Os dados dizem respeito a importações gerais desses países e não apenas a compras do sapato brasileiro.
Economia
Além de Linck, também participou da apresentação de cenários o doutor em Economia e consultor setorial Marcos Lélis, que deu um panorama sobre a cenário macroeconômico mundial e a situação atual e as perspectivas da economia brasileira. Todo o conteúdo das apresentações pode ser acompanhado no YouTube da Abicalçados.