Cairo – O Museu Egípcio das Jóias Reais foi reaberto em Alexandria pela primeira-dama do país, Suzanne Mubarak, após uma restauração integral do Palácio Fatma Haider, construído em 1920. Ele fica no bairro histórico de Zizinia. O custo da reforma do local, construído em uma área de 4.185 metros quadrados, foi de 50 milhões de Libras egípcias (US$ 9 milhões).
O museu é composto por dois palácios ligados por um corredor. Nele estão expostas mil peças escolhidas entre as 11,5 mil jóias que pertenceram à família real egípcia, mantidas atualmente nos cofres do Banco Central do país. Os itens apresentados nas 13 salas do local não são, no entanto, somente jóias. Entre eles estão pinturas que retratam a família real e outras peças preciosas, como colares, brincos, anéis e pulseiras, que pertenceram aos seus membros ao longo do período em que reinaram, até a revolução de 1952.
O museu pertenceu originalmente à princesa Fatma Haider, descendente de Mohamed Ali Pacha, o fundador da dinastia Alauita. Mohamed Ali, comandante do exército Otomano, de origem albanesa, mas nascido na Macedônia, tomou o poder no Egito no início do século 19.
A construção do palácio foi iniciada em 1919 por Zenab Hanem Fahmi, mãe de Fatma. “A princesa Fatma, que perdeu sua mãe prematuramente, quando tinha somente 18 anos, pediu ao famoso arquiteto italiano, Antonio Lashic, que continuasse as obras do palácio. Isso certamente influenciou seu estilo, onde vários tetos e paredes são decorados com motivos que representam lendas romanas”, disse Suzanne Kamed, inspetora do museu.
O palácio é considerado uma obra de arte do ponto de vista arquitetônico. “Isso explica, sem dúvida, o fato de ter sido escolhido para ser sede do Museu das Jóias Reais, mais de quarenta anos após a nacionalização do local”, afirmou Suzanne.
O cenário da exposição respeita a função original do local, a de residência da princesa. De acordo com Suzanne Kamel, na entrada, onde os moradores do palácio recebiam seus amigos e conhecidos, os visitantes podem admirar várias pinturas que retratam os membros da família real, especialmente Mohamed Ali Pacha e o Khediva Ismail, que eram parentes da proprietária.
Lá estão também os retratos de Ali Haider Pacha e Zenab Hanem Fahmi, pais de Fatma, e da própria princesa. Mais adiante, no mesmo local, estão as coroas da princesa Chewikar, primeira mulher do rei Fuad, que reinou de 1922 a 1936, e a que pertenceu à rainha Farida, primeira mulher do rei Farouk, último rei do Egito.
No corredor mais adiante estão em exibição diversas medalhas e condecorações oferecidas aos membros da família real por suas realizações. Esse local conduz o visitante a uma série de salas onde estão expostas jóias incrustadas com pedras preciosas que pertenceram a varias princesas, assim como pequenas caixas e cigarreiras que foram dos vários príncipes da família.
Segundo Suzanne Kamel, este local, onde o teto retrata diversas cenas lendárias que estavam praticamente destruídas, foi restaurado por uma equipe de restauradores que trabalhou durante um longo período.
O segundo andar do palácio é destinado aos dormitórios e a uma sala de jantar. Nesta ultima estão expostos uma infinidade de talheres de ouro incrustados com pedras preciosas, como diamantes, rubis, topázios e turquesas.
Uma peça inédita que se encontra neste local é o serviço para coquetéis oferecido pelo rei Farouk à rainha Farida como presente de casamento. O conjunto pesa seis quilos e é composto por quatro garrafas de cristal e uma de ouro, delicadamente expostas no centro da sala.
Um dos locais mais impressionantes do segundo andar é, no entanto, a principal sala de banho do palácio. Nela se encontram murais coloridos representando cenas de lazer a beira-mar e motivos de crianças se divertindo. As peças do interior do local são todas de mármore italiano.
No segundo andar se encontram três outras salas, dentre as quais um escritório onde há um tinteiro esculpido na forma da ponte Qasr El Nil, no Cairo, e que foi oferecido ao rei Fuad na ocasião de sua renovação no poder real. Na segunda sala se encontram diversas outras medalhas comemorativas.
Mas é na terceira sala que se encontra uma das peças mais impressionantes de todo o local. Trata-se de um jogo de xadrez incrustado de diamantes, que foi oferecido pelo xá Mohamed Reza Pahlevi, do Irã, por ocasião de seu casamento com a princesa Fawizia, irmã do rei Farouk.