São Paulo – Um mergulho nas características e nas nuances da música vinda do Oriente Médio e Norte da África é o que oferece o curso Música Árabe: Expressividade e Sutileza, promovido pelo Instituto da Cultura Árabe (Icarabe) e apresentado por Marcia Dib, mestre em Cultura Árabe pela Universidade de São Paulo (USP). As aulas ocorrem às terças-feiras do mês de setembro (06, 13, 20 e 27), na capital paulista. As inscrições estão abertas.
“A música árabe foi pensada em cima das quatro cordas do alaúde”, conta Dib, referindo-se ao instrumento musical que se assemelha a um violão. “Falavam que elas eram como as quatro partes do universo, que cada corda continha uma energia diferente”, explica a professora sobre os fundamentos deste tipo de música.
Dib afirma que não é possível saber quando e onde a música árabe surgiu. Ela diz, no entanto, que os primeiros tratados sobre o tema datam dos séculos 9 ao 12. “Como antigamente essa questão das fronteiras não era clara, os governantes achavam pessoas [músicos] em outras regiões”, diz.
Segundo ela, o que se sabe é que região da Mesopotâmia, que hoje corresponde ao Iraque, era um local onde viviam muitos sábios musicais. “Ela nasceu aos poucos”, destaca Dib sobre a música árabe.
A professora diz que o fato de que as sociedades árabes antigas eram basicamente orais, ou seja, não faziam registros escritos de suas tradições, fez com que muitos fatos e acontecimentos sobre a origem da música árabe se perdessem. “Muitas coisas as pessoas conheciam, mas não escreviam. Os tratados abordavam alguns aspectos da música, outros só [se conhecia] com os sábios”, aponta.
De acordo com Dib, pode-se se dizer que a música árabe e a música ocidental “são duas línguas diferentes”. A professora afirma que a música árabe é modal, que envolve o ouvinte em sua sonoridade. Esta sonoridade, diz ela, trabalha em círculos, estabelecendo um “ambiente sonoro” no qual o objetivo é a experiência de cada sensação e humor proporcionados pela maneira como os sons são trabalhados. Em contraponto, a música ocidental é tonal, baseada em acordes que promovem tensões e relaxamentos, remetendo a uma busca constante de algo, como o dia a dia da sociedade ocidental.
Sobre os instrumentos musicais, Dib diz que a principal característica dos instrumentos árabes é sua afinação natural. Os principais instrumentos da música árabe, ela explica, são o alaúde, o qanun (instrumento de cordas) e a flauta.
Ela também lembra que a música árabe é dividida em diferentes estilos dentro dos diversos países do Oriente Médio e Norte da África. Um fato interessante mencionado por Dib é como a música é influenciada pelos distintos ambientes e aspectos da natureza, como o deserto, a montanha, os rios e as cidades. “Quanto mais contato o ser humano tem com o ambiente, mais ele o influencia”, ressalta a professora.
Ela compara o ambiente do deserto ao de uma praia e dá como exemplo os vendedores ambulantes desta última, que esticam suas falas ao anunciar seus produtos. “No deserto, as notas tem que ser longas para conseguir ser ouvidas e compreendidas à distância. O meio influencia o movimento e a audição”, completa.
Serviço
Música Árabe: Expressividade e Sutileza
Dias 06, 13, 20 e 27 de setembro
Local: Livraria Martins Fontes
Avenida Paulista, 509 – São Paulo
Preços: Público em geral – R$ 300; aula avulsa – R$ 75. Membros do Icarabe, estudantes e aposentados – R$ 250; aula avulsa – R$ 65.
Informações sobre a programação completa do curso e inscrições pelo e-mail cursos@icarabe.org ou pelo telefone (11) 5084-5131.