São Paulo – O imigrante libanês Mustapha Abdouni recebeu uma homenagem da Igreja Ortodoxa Antioquina no último domingo (09), na Catedral Ortodoxa da cidade de São Paulo. Ele ganhou a Comenda Patriarcal dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, que foi outorgada pelo patriarca e autoridade máxima da Igreja Ortodoxa Antioquina, João X, a pedido do arcebispo Metropolitano de São Paulo e do Brasil, Dom Damaskinos Mansour.
A comenda foi dada a Abdouni, que é de religião muçulmana, em função da sua trajetória pessoal, dos serviços prestados em prol da coletividade, de suas ações humanitárias, sociais e beneméritas. Segundo informações da Catedral, Dom Damaskinos afirmou na homenagem do domingo que apesar de ser religiosa, a comenda não visa a religião da pessoa que a recebe, mas sua vida, seus serviços beneméritos e seu trabalho social pela comunidade.
“Como muçulmano, fiquei honrado e feliz de receber esta homenagem da Igreja Ortodoxa. Ela representa essa convivência pacífica entre as religiões que existe no Brasil”, afirmou Abdouni em entrevista à ANBA. Juntamente com Mustapha Abdouni, receberam a comenda Maria Rosa Sucar Dib e Haydêe Jabra Salem, integrantes da comunidade ortodoxa que fazem trabalhos sociais.
Abdouni nasceu na cidade de Sultan Yacoub, no Líbano, e veio para o Brasil aos 14 anos, com o pai, a mãe a irmã. Em São Caetano do Sul, na região do ABC Paulista, ele e seu pai trabalharam como mascates e depois abriram uma empresa da área têxtil, que cresceu e segue nas mãos da família, agora da terceira geração. “Eu vivo e convivo neste Brasil, onde casei com uma libanesa, Faouzie Mukadem Abdouni, e tive cinco filhos: Mohamed, Soraya, Nadia, Omar e Munir”, contou.
O trabalho social e voluntário do imigrante libanês no Brasil é vasto e inclui desde a atuação na diretoria e agora no conselho da Câmara de Comércio Árabe Brasileira até no Rotary Club São Caetano do Sul, onde Abdouni chegou a ser presidente por dois anos, período em que foi construído o Lar Menino Jesus, que atende crianças carentes, entre outras ações realizadas.
Abdouni foi presidente também da Associação Comercial de São Caetano do Sul e da Associação Amigos da Polícia Militar na região do Grande ABC, fez parte da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), que trabalha em prol da solidariedade, e integrou várias entidades muçulmanas com trabalho voluntário.
O imigrante libanês sempre foi ativo no trabalho social na cidade em que vive, São Caetano do Sul, e recebeu homenagens em função disto, entre elas o título de Cidadão Sul-Sancaetanense. Abdouni ganhou também o título de embaixador da Boa Vontade pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) em função da implantação de um projeto que levou iluminação pública por energia solar na cidade de Sultan Yacoub.
Em 1994, Abdouni foi nomeado cônsul honorário da Jordânia em São Paulo pelo rei Hussein, atuação que segue até hoje, aos 82 anos. Há cerca de dois anos, o canal de televisão do Catar Al Jazeera o entrevistou em um programa sobre imigrantes. Em entrevista à ANBA, o empresário se disse muito honrado com a comenda recebida da Igreja Ortodoxa e falou que ela tem um significado especial para ele. “Eu gosto dessa convivência pacifica e torço para que no Líbano tenha isso também”, disse Abdouni.