São Paulo – A seleção da Arábia Saudita não ganhou o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2018 contra o país sede, a Rússia, mas teve torcida no Brasil. Na partida exibida nesta quinta-feira (14) em telão no Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, na capital paulista, eram vários os torcedores do time saudita. Também havia gente querendo a vitória da seleção russa, que levou o jogo de goleada, com cinco gols a zero.
O jornalista Gilberto dos Santos, 56 anos, estava torcendo pela Arábia Saudita, apesar de estar acompanhado por um amigo peruano e um chileno que preferiam um resultado favorável para os russos. Santos contou à ANBA que tem um amigo saudita que está com um problema de saúde e queria muito ver a seleção do país árabe ganhar para alegrar o amigo. “Quero vê-lo feliz”, disse antes da partida.
A professora Camila Alves, 33 anos, acompanhava seu aluno de português, o sírio Kinan Swaf, na torcida pela equipe saudita. Swaf é dentista e está no Brasil há 40 dias para fazer um doutorado em sua área profissional. “Eles são bons”, dizia o sírio sobre os sauditas antes do resultado, citando o nome de um dos jogadores destaque do time, Osama. Mas Swaf fez uma ressalva: entre os times árabes que estão na Copa, acredita mais nos resultados de Egito e Tunísia.
O comerciante Lupércio Bertoluci, 39 anos, estava no museu para acompanhar um amigo descendente de árabes. Ele trabalha na região do Brás, onde há muitos comerciantes árabes. Quase ao final da partida, a conclusão de Bertoluci era que a partida estava fraca. “A Arábia Saudita não tem muita experiência de Copa do Mundo”, justificava. Mesmo assim ele ressaltou as habilidades da seleção. “Se recompõe rapidamente”, disse.
Algumas escolas estavam presentes no começo da exibição do jogo e parte das crianças queria que os sauditas ganhassem. Era o caso dos meninos Philipe do Nascimento, 10 anos, e Miguel Adeildo, 10 anos. Os dois não conheciam muito sobre os países da disputa, mas prometiam torcer para a Arábia Saudita. O adolescente Hendril Mendes, 13 anos, estava confiante na vitória dos sauditas no começo da partida. “Eles têm mais resistência”, disse.
Também estavam presentes profissionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, entre eles o diretor geral Michel Alaby. O Museu do Futebol exibirá todas as partidas da Copa que ocorrem em seu horário de funcionamento, de terça-feira a domingo, e a Câmara Árabe é parceira da iniciativa para levar as comunidades árabes até o local em dias de jogos de times árabes. Disputam o torneio, do mundo árabe, Egito, Marrocos e Tunísia, além da Arábia Saudita.
Na partida de abertura, a Câmara Árabe ofereceu aos presentes petiscos, alguns deles da culinária árabe, como esfihas, quibes e falafel. O mesmo vai ocorrer na exibição do Museu do Futebol do jogo do Egito com a Rússia, na próxima terça-feira (19), às 15 horas. Na disputa de Marrocos e Portugal, no dia 20 de junho, às 09 horas, e de Tunísia e Bélgica, no dia 23 de junho, às 09 horas, haverá café da manhã no local.
Alaby ficou triste com o placar pelos sauditas. “Sentimos pelo resultado, mas o importante é participar”, disse ele. O diretor geral ressaltou, no entanto, a integração que ocorreu em uma iniciativa como a do Museu do Futebol, de exibição de jogos para as diferentes comunidades de imigrantes que vivem no Brasil. “É válido para a integração da cultura árabe e brasileira”, disse ele sobre esta quinta-feira.
A Rússia fez dois gols no primeiro tempo e três no segundo, sendo dois nos acréscimos. O russo Gazinsky marcou o primeiro aos 12 minutos do primeiro tempo e, antes do intervalo, aos 43 minutos, Cherayshev fez o segundo gol. No segundo tempo, aos 26 minutos, Dzyuba marcou o terceiro gol. Cheryshev fez mais um, aos 46 minutos, e Golovin fez o quinto, aos 49 minutos. O estádio tinha torcida saudita, mas estava lotado de russos.
Comentaristas esportivos ressaltaram que os sauditas permaneceram a maior parte do tempo na defesa. O técnico da equipe do Oriente Médio é o argentino naturalizado espanhol Juan Antonio Pizzi.
O príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad Bin Salman, viu a partida no estádio com o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Gianni Infantino. Entre as seleções que estão na Copa, a Rússia tem a pior classificação no ranking da Fifa, em 70º lugar. A Arábia Saudita está na 67ª.