São Paulo – A comercialização de calçados foi fortemente afetada pela pandemia da covid-19, mas as vendas de calçados de ficar em casa, como chinelos ou sandálias de dedo, foram menos impactadas do que as dos demais modelos. Esse movimento de consumo, causado pelo isolamento social para conter a covid-19, se deu não só no Brasil e se refletiu nos números das exportações brasileiras de calçados.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), as exportações de chinelos caíram 19,4% em volume de janeiro a julho deste ano, abaixo do recuo nas vendas internacionais do segmento como um todo, que foi de 25%. O Brasil exportou de janeiro a julho deste ano 26,1 milhões de chinelos.
O presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira, explicou para a ANBA que o impacto da pandemia variou segundo o segmento do produto. “Vamos pensar num calçado feminino mais para festa: não teve evento, não teve festa, então o fabricante está sofrendo muito mais do que alguém que produz um sapato mais confortável para a pessoa utilizar em casa”, disse.
Além do e-commerce, via importante de venda para esses e outros tipos de calçados na pandemia, algumas marcas de chinelos também têm comercialização em supermercados e esses ficaram abertos durante o período de isolamento social. Ferreira conta que algumas marcas até criaram produtos confortáveis para as pessoas usarem dentro de casa. “É uma reinvenção do setor”, afirma.
O presidente da Abicalçados deixa claro, porém, que não houve um boom de vendas de chinelos e calçados confortáveis, apenas um impacto menor que nos demais segmentos. “O chinelo perdeu menos na exportação, 20%, enquanto a exportação geral perdeu 30%”, afirmou ele sobre as quedas na receita da exportação de janeiro a julho sobre o mesmo período do ano passado. Foram US$ 80,4 milhões faturados com venda internacional de chinelos, segundo os dados da Abicalçados.
Sobre sandálias e sneakers
A Ferracini, indústria brasileira que fabrica calçados masculinos, percebeu uma procura maior pelos calçados de conforto e sandálias de dedo durante a pandemia. A empresa produz uma gama ampla de calçados, do social e o casual até o esportivo e as sandálias, entre elas as de dedo. “As pessoas estão ficando mais em casa, procurando um calçado de mais conforto”, afirmou a analista de comércio exterior da Ferracini, Thânia Fileto.
Fileto conta que as pessoas procuram um calçado para ficar em casa, mas que também sirva para dar uma saída rápida, como os sneakers. Segundo a analista, a Ferracini seguiu inovando, criando e colocando novos produtos no mercado no período da covid-19, mas priorizou os modelos que estão em alta como as sandálias e os esportivos, entre eles os sneakers, tênis de estilo casual. Existe uma tendência de moda de uso destes calçados também com ternos, segundo a analista de comércio exterior.
A Ferracini vende seus calçados por e-commerce, lojas multimarcas e próprias. A loja virtual já existia antes da pandemia, mas Fileto conta que houve aumento nas vendas por esse canal no período. No exterior também os distribuidores da marca estão procurando mais produtos para as lojas virtuais, segundo a analista. “As pessoas não estão saindo de casa”, diz. A busca maior pelos calçados de conforto na exportação, no entanto, começou só agora, que é período de compras para o final do ano, de acordo com Fileto.