São Paulo – A 3ª Conferência da União de Empresários da Organização de Cooperação Islâmica (BOU-OIC, na sigla em inglês) terminou nesta terça-feira (17), em Jeddah, na Arábia Saudita, com um pronunciamento do presidente da Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura (ICCI, na sigla em inglês), entidade internacional que reúne câmaras de nações muçulmanas, Saleh Abdullah Kamel, em que ele pediu a estes países que fomentem entre si o comércio, os investimentos, o intercâmbio acadêmico e a cooperação tecnológica.
De acordo com o diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, que participou do congresso, o executivo citou a segurança alimentar como exemplo de área em que a cooperação multilateral é necessária, pois é um dos principais problemas das nações muçulmanas. Kamel pediu ao Banco de Desenvolvimento Islâmico (IDB), instituição de fomento ligada à OIC, a disponibilização de recursos para investimentos na área agrícola.
Segundo Alaby, foi apresentada a proposta de realização de um fórum sobre segurança alimentar que reúna câmaras de comércio, indústria e agricultura dos 57 países membros da OIC. O objetivo é apresentar as oportunidades existentes no setor para atrair investimentos de nações do bloco que têm recursos disponíveis.
Ele afirmou, por exemplo, que as exportações da Arábia Saudita, com base num preço médio de US$ 100 por barril de petróleo, deverão chegar a US$ 320 bilhões em 2014 e vão garantir um superávit fiscal de US$ 78 bilhões. Parte desse dinheiro, na sua avaliação, pode ser aplicada no Fundo Islâmico de Desenvolvimento, ligado ao IDB, para ser investido em projetos de infraestrutura e combate à pobreza em países muçulmanos. Kamel pediu a todas as nações da Península Arábica que destinem mais recursos ao fundo, pois, em sua opinião, a redução da pobreza evita o crescimento do terrorismo.
O executivo defendeu maior diálogo entre as câmaras e empresários do bloco para aumentar sua base de negócios e pediu aos governos que facilitem a emissão de vistos e realizem estudos para a criação de uma área de livre comércio do grupo. Para ele, os conflitos existentes em países islâmicos não são compatíveis com a religião, são simplesmente disputas de poder.
A próxima conferência da BOU-OIC vai ocorrer em 2015 em local ainda a ser determinado. A Câmara Árabe Brasileira participou como observadora do evento.
Brasil é notícia
Paralelamente ao congresso, ocorre na cidade saudita a Jeddah International Trade Fair, feira multissetorial de negócios que termina nesta quarta-feira (18). Alaby visitou a exposição e deu entrevista a jornais locais. O Al Iktsadia (A Economia, em árabe) deu abre de página com o título: “Empresas brasileiras de olho nos projetos sauditas de infraestrutura” (em tradução livre).
Na reportagem, Alaby diz que companhias do Brasil se interessam pelos setores de infraestrutura e de serviços do país árabe, cuja economia é a maior da região. Para ele, o mercado saudita é capaz de atrair investimentos brasileiros e há empresas locais interessadas em convidar brasileiros para parcerias. “O mercado saudita é considerado um dos mais atrativos da região”, disse o diário.
Alaby observou, porém, que o mercado saudita precisa de maior abertura e mais marketing internacional para que as empresas estrangeiras tenham as informações necessárias para investir.
Outro jornal que registrou a presença brasileira foi o Saudi Gazette, diário em inglês de Jeddah. Ele publicou uma foto de Alaby ao lado do secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria de Jeddah, Adnan Mandoura.
Alaby e o executivo de Relações Governamentais da Câmara Árabe Brasileira, Tamer Mansour, tiveram ainda uma reunião com o vice-secretário-geral da ICCI, Mohammed El-Banna. Eles sugeriram a troca de informações entre as duas instituições para fortalecer as relações de comércio e de investimentos com o Brasil.