São Paulo – A viagem de Rabat, capital do Marrocos, ao deserto do Saara é longa, cerca de 12 horas. O caminho, no entanto, é cheio de belezas naturais e uma mistura das estações do ano. De regiões quentes à neve na estrada que corta as montanhas, o viajante vê de tudo, até macacos que se arriscam nas rodovias para ganhar alguma comida dos motoristas.
Há dezenas de hotéis e paradas para descanso que são utilizadas pelos viajantes para alimentação, abastecimento dos carros e também para pernoitar, para depois seguir caminho até os albergues, na entrada do Saara, antes de tudo se tornar areia. São nestes lugares que os turistas esperam os beduínos e suas caravanas, que vêm buscá-los para uma viagem de mais uma hora e meia pelo deserto até as tendas em que todos passarão a noite.
Assim que chega ao albergue, o turista entende porque os homens que habitam esta região vivem com seus corpos e rostos cobertos por longas roupas e lenços que escondem boca e nariz. Os fortes ventos jogam areia por todos os lados, e é preciso proteger-se para não engoli-la ou respirá-la. Os óculos de sol também são indispensáveis para que se possa manter os olhos abertos.
Quando os camelos partem, ficam para trás a estrada, os carros, os hotéis, os banheiros. Chegando no meio do Saara, encontram-se apenas as tendas montadas pelos beduínos para atender aos turistas, que são sua única fonte de renda. Há tendas separadas para acomodar homens e mulheres, e há também uma tenda central, onde será servido o jantar, preparado com a comida trazida durante a viagem, no lombo dos camelos.
Enquanto a refeição é preparada, os turistas conversam ao redor de fogueiras acesas para iluminar a total escuridão do deserto. A noite no Saara é bastante fria, e o fogo serve também para aquecer. Dentro da tenda, a mesa é montada para que todos se sentem no chão ao seu redor. O pão não pode faltar, pois sua presença faz parte da culinária marroquina em todas as refeições, nas quais, muitas vezes, substitui os talheres.
O tagine, tradicional prato feito com carne de vaca ou de frango coberta com legumes cozidos, é servido quente e comido com as mãos, com a carne e os legumes pinçados pelos pedaços de pão cortado. Durante o jantar, os beduínos contam suas histórias sobre a vida simples no deserto e sobre como é depender do turismo para viver. Com os visitantes que recebem, eles aprendem várias línguas, como inglês, espanhol e até mesmo português.
Passada a noite, a volta para o albergue deve ocorrer de manhã cedo, para evitar o sol forte. Acordando à 5h da manhã, é possível ver o nascer do sol do alto das dunas, uma visão muito admirada e fotografada pelos turistas.
Mais uma viagem sobre os camelos e os turistas estão novamente no albergue, onde o fim da aventura significa alívio para alguns e tristeza para outros, mas também a certeza de todos de que um passeio no deserto no Saara é uma experiência única para ser lembrada pela vida toda.