Claudia Abreu
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São Paulo – Era uma vez um médico ortopedista, surfista, alpinista que abriu uma lojinha em Búzios, no Rio de Janeiro. A lojinha, digamos, vendeu bem. A paixão por esportes se somou à criação de moda. As peças, inicialmente sem pretensão, viraram grife: nasceu a Osklen, uma das marcas de moda do Brasil mais bem sucedidas atualmente. E também uma das com maior posicionamento internacional, segundo Oskar Metsavaht, o criador da grife.
A marca exporta para o Kuwait, Japão, Bélgica e Chile, tem lojas próprias nos Estados Unidos, Itália e Portugal e showrooms na Espanha, França e Grécia. São produzidas cerca de um milhão de peças por ano, 7% é exportado. As vendas para o país árabe começaram no ano passado, são feitas por meio de um franqueado local.
A Osklen surgiu por acaso, em 1986, quando o médico gaúcho Metsavaht, um apaixonado por esportes, criou, artesanalmente, um casaco – esportivo, é claro – para enfrentar baixas temperaturas e o testou numa expedição ao Monte Aconcágua, na Argentina. Pois bem, os casacos de inverno foram aprovados pelo grupo de alpinistas, entre eles o próprio Metsavaht, que logo passou a comercializá-los numa espécie de "ação entre amigos". Três anos mais tarde, o empresário abriu a primeira loja da marca, na paradisíaca e badalada Búzios – sim o canto do estado do Rio de Janeiro que ficou famoso com Brigitte Bardot. De lá pra cá, a grife só cresceu.
O jeitão descolado da marca, ligada à prática de esporte, privilegiando materiais de qualidade, alta performance e ecologicamente responsável, logo diferenciou o nome Osklen no mercado interno.
Em 2003, foi a vez da marca receber elogios do estrangeiro. Antes mesmo de iniciar o processo de expansão internacional propriamente dito, participando dos desfiles da semana de moda de São Paulo, o SPFW, pela primeira vez, a Osklen recebeu um aval importante da WGSN, consultoria mundial líder em pesquisas de tendências de moda. Foi considerada uma das "10 marcas do mundo para ser vista, observada". "Nós sabíamos que íamos atingir o mercado internacional e esse foi um momento muito importante", diz Metsavaht.
A expansão seguiu viagem, o mercado internacional veio até a marca. O primeiro país a comprar foi Portugal. Um importador procurou a Osklen com a convicção de que o consumidor português de moda iria adorar a marca. Deu certo.
Responsabilidade social
Um dos segredos do sucesso da Osklen é que a marca soube entender o momento da moda mundial e criou produtos para atender esse novo consumidor de luxo. Há cerca de 10 anos, grifes italianas famosas, como Prada e Gucci, promoveram uma reforma, se modernizaram e mostraram que o luxo também podia ser contemporâneo. A mistura de diferentes estilos passou a ser permitida e vista com bons olhos. "Tecidos tecnológicos, fibras sustentáveis combinam com pulseiras tribais etc", diz Metsavaht. A Osklen pegou carona nessa onda e somou a isso responsabilidade social e ambiental, valores importantes para o consumidor moderno de luxo.
O primeiro passo foi em 2002, quando Metsavaht se uniu a um grupo de biólogos, ambientalistas e pesquisadores e criou o movimento e-brigade, de conscientização ambiental, por meio de um projeto e educação e comunicação multimídia. Metsavaht criou camisetas e outros produtos de moda com a bandeira e-brigade.
No ano seguinte, numa associação com a Unesco, Metsavaht criou uma linha de camisetas celebrando a Década Internacional da Promoção da Cultura de Paz e Não-Violência. De lá pra cá foram várias ações e parcerias tanto na área ambiental quanto na esportiva. Motivos indígenas e em defesa da Amazônia aparecem frequentemente nas coleções da marca.