Da redação
São Paulo – Foi formalizada hoje (17), em Brasília, a Coffee Sul de Minas S.A, a maior trading de café do mundo, integrada por um pool de 17 cooperativas de café do Sul de Minas e São Paulo. A partir de 2004, a nova empresa pretende comercializar no mercado 4,5 milhões de sacas de café por ano, o que corresponde a pouco menos de 1/5 do mercado mundial.
A Coffee Sul de Minas é formada pelas cooperativas mineiras Unicoop, Capebe, Minasul, Cooparaíso e Cooperativa Central (que congrega dez cooperativas de Minas) e as paulistas Cocapec, Garcafé e Cafenoel.
Além das cooperativas, participa do empreendimento a Sertrading S/A, que não faz parte do setor cooperativista e atua nas áreas de exportação e importação, desenvolvimento de mercados, alianças estratégicas e joint ventures.
O objetivo da trading é organizar o setor produtivo para disputar novos mercados. Para isso, de acordo com o diretor-presidente da Coffee Sul, Carlos Melles, a empresa vai atuar na industrialização e comercialização interna e externa de café, no processamento, e também em logística, marketing, aquisição de insumos agrícolas e instrumentos financeiros que beneficiem a comercialização do produto.
A Coffee Sul prevê recursos para a reativação de torrefadora pertencente a uma das cooperativas que fazem parte do pool. A trading, por meio das cooperativas, vai atuar fortemente na industrialização do grão, além de se dedicar à comercialização.
"Queremos distribuir os resultados positivos entre os produtores, por meio das cooperativas, em um projeto inédito de aliança estratégica, em benefício dos cafeicultores", informou o presidente da Coffee Sul, que terá sua sede em Varginha, Minas, e escritórios em São Paulo e Santos para agilizar os negócios de exportação.
Segundo um dos diretores da Coffee Sul, além de trabalhar com mercados tradicionais (Europa e Estados Unidos), a trading tem como um de seus projetos a prospecção dos chamados mercados alternativos, como a China, Índia e os 22 países árabes.
Estudos mostram que um bom trabalho de marketing e venda nessas regiões pode resultar em exportações adicionais entre 700 mil a 900 mil sacas de café por ano.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, que participou da solenidade de criação trading, hoje, em Brasília, disse que a organização, articulação e integração de outros setores da mesma cadeia produtiva, no caso do café, mostram amadurecimento das cooperativas, a exemplo do que ocorre em outros países do mundo.
"O setor agrícola precisa se organizar melhor para agregar valor aos seus produtos e disputar maiores fatias de mercado. Cada vez menos o governo tem o papel de interferir no mercado e de influenciar nas cotações internacionais", disse o ministro.
Roberto Rodrigues lembrou que o Brasil tem menos de 1% do mercado mundial de café torrado e moído, apesar de ser o maior produtor mundial do grão e o segundo país consumidor.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2004 o Brasil deverá colher 36 milhões de sacas de café.

