Geovana Pagel
São Paulo – O Conselho Empresarial Brasil-Egito, criado durante a visita do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos países árabes, em dezembro de 2003, quer promover uma Semana do Egito no Brasil. A idéia surgiu durante uma reunião de negócios na Associação dos Empresários Egípcios – a Egyptian Businessman Association (EBA).
O encontro ocorreu no início da tarde de ontem (25), com a presença do presidente da Câmara de Comércio Árabe- Brasileira (CCAB), Paulo Sérgio Atallah, e o da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex), Juan Quirós, de empresários egípcios e brasileiros que expõem na Feira Internacional do Cairo (o encerramento é hoje).
De acordo com Atallah, a Semana do Egito no Brasil será organizada nos moldes da Semana do Brasil em Dubai, realizada no final do ano passado nos Emirados Árabes Unidos. "A intenção é mostrar produtos, cultura e costumes do Egito", explica. Segundo ele, a idéia é agendar a feira para uma data próxima à reunião de cúpula entre os governantes dos países árabes e sul-americanos, marcada para dezembro, no Brasil.
O presidente da CCAB disse ainda que a primeira reunião oficial do Conselho, reunindo egípcios e brasileiros, deve ocorrer no próximo mês de junho, quando o ministro do Comércio Exterior do Egito, Youssef Boutrus Ghaly, participa como convidado da reunião do Mercosul em Buenos Aires e também visita o Brasil. O "lado brasileiro" do Conselho, que assim como o egípcio será formado por oito empresários, será definido na próxima semana, quando Atallah volta para São Paulo.
150 páginas de negócios
A primeira reunião do "lado egípcio" ocorreu no último dia 15, no Cairo. Nessa reunião, o secretário-geral da CCAB, Michel Alaby, apresentou um estudo feito em conjunto pela Câmara e pelo Consulado Comercial do Egito. O relatório, chamado "Brazilian Industries Report", reúne pesquisas que mostram os principais produtos egípcios que podem ser exportados para o Brasil.
O objetivo do estudo é ampliar as vendas do país árabe ao Brasil. Isso o porque, embora a corrente comercial entre os parceiros esteja crescendo, a balança continua totalmente favorável ao Brasil: entre janeiro e fevereiro deste ano, por exemplo, as exportações brasileiras para o Egito somaram US$ 120 milhões, enquanto as importações ficaram em apenas U$$ 5,6 milhões.
Foram analisados no estudo cerca de 20 produtos, entre eles, algodão, alumínio, fosfato, fertilizantes, carpetes, essências para perfumes, remédios, alimentos, como vegetais e frutas em lata, produtos químicos, cimento e areia, que pode ser usada para fazer cristais, objetos de porcelana e de cerâmica.
O relatório apresenta resumos sobre as principais características dos setores estudados e também os números de exportação e importação de cada produto. Além dessa análise, o documento que contém cerca de 150 páginas, traz ainda dados sobre a economia brasileira, como os de população, Produto Interno Bruto (PIB) e contas externas, além de informações sobre regras de investimento, organização tributária e até sobre o sistema político.
Daniel Kley, operador internacional da Tigre para a África, representou a empresa brasileira no encontro com os empresários egípcios. Segundo ele, a EBA foi fundamental para estabelecer contatos com formadores de opinião no mercado egípcio. "Esse encontro com a associação de classe que representa os empresários egípcios, fecha com chave de ouro as duas semanas de feira", declarou.
Brasil como centro da AL
Além da reunião na EBA, os dirigentes da CCAB e da Apex também estiveram no Ministério de Comércio Exterior, onde entregaram uma cópia do estudo para o chefe do Departamento Comercial, Mohamed Hefni.
"Também discutimos a importância da visita do ministro Ghaly ao Mercosul", conta Atallah. "Eles (egípcios) deixaram claro que querem iniciar o desenvolvimento do comércio com a América Latina, usando o Brasil como centro das ações", afirmou.
O ministro Boutrus Ghaly é um dos idealizadores do projeto de cooperação industrial que vem sendo desenvolvido pelo governo egípcio para buscar parcerias entre empresas do Brasil e do país árabe. A idéia é estabelecer formas de cooperação para aumentar os negócios entre os dois países.
No próximo domingo (28), Atallah e Quirós entregarão uma carta-convite, do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que convida formalmente o ministro egípcio para participar de uma reunião de negócios entre o Egito e o Mercosul, em junho, em Buenos Aires, Argentina.

