São Paulo – Uma semana depois de sua última viagem ao Oriente Médio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será homenageado pela comunidade árabe hoje (25) à noite no Clube Monte Líbano, em São Paulo. A organização do evento, que marca os 130 anos da imigração árabe no Brasil, é da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
De acordo com o presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, a entidade decidiu realizar a homenagem por causa do empenho de Lula na aproximação do Brasil com os países árabes. “Ele tem sido um grande promotor do desenvolvimento de melhores relações políticas, de negócios e culturais entre as duas regiões”, destacou.
Desde o início de seu primeiro mandato, em 2003, Lula definiu como prioridade a aproximação do Brasil com o mundo árabe. Naquele mesmo ano ele se tornou o primeiro presidente brasileiro, no exercício do cargo, a visitar a região. Viajou para o Líbano, Síria, Egito, Emirados Árabes Unidos e Líbia, e lançou a idéia de realizar a Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), cuja primeira edição ocorreu em 2005, em Brasília, e a segunda no ano passado, em Doha, no Catar. O terceiro encontro está programado para ocorrer em 2011, em Lima, no Peru.
Depois do primeiro giro pelo Oriente Médio, o presidente esteve também na Argélia, Arábia Saudita, mais uma vez na Líbia, para participar como convidado da Cúpula da União Africana, no Catar, para a 2ª Cúpula Aspa, e mais recentemente na Palestina e na Jordânia. Em maio ele voltará ao Catar para retribuir a visita que o emir Hamad Bin Khalifa Al-Thani fez ao Brasil em janeiro.
Sobre a última viagem, que incluiu também Israel, Schahin, que acompanhou o presidente na Palestina e Jordânia, disse que a receptividade foi “excepcional”. “Os frutos dessa viagem serão o aumento dos negócios, das relações políticas e culturais”, ressaltou. “E também para o processo de paz [entre israelenses e palestinos], que o Brasil, por meio do presidente Lula, deseja contribuir”, acrescentou.
Na seara econômica, as exportações brasileiras ao mundo árabe saíram de US$ 2,76 bilhões em 2003, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), para o pico de US$ 9,82 bilhões em 2008, e ficaram em US$ 9,4 bilhões em 2009, ano de crise e de retração no comércio exterior. Este ano, os negócios já voltaram a crescer. No primeiro bimestre, os embarques do Brasil ao mundo árabe renderam US$ 1,37 bilhão, um aumento de 33% sobre o mesmo período do ano passado.
25 de Março
Mas por que a homenagem no dia 25 de março? Bom, desde 2008, por força de lei aprovada no Congresso Nacional, a data marca o Dia Nacional da Comunidade Árabe. Para quem gosta de efemérides, 25 de março, no Brasil, é originalmente o Dia da Constituição, pois nesta data, em 1824, foi outorgada a primeira Constituição brasileira pelo imperador Dom Pedro I.
Mas 25 de Março é também o nome da mais famosa rua de comércio popular de São Paulo e onde muitos imigrantes árabes se estabeleceram. “O dia 25 de março é muito vinculado à colônia árabe, pois dá nome à rua que é conhecida no Brasil inteiro como ‘a rua dos árabes’”, disse o senador Romeu Tuma (PTB-SP), autor do projeto que criou o Dia Nacional da Comunidade Árabe.
Tuma, filho de pai sírio e mãe descendente de libaneses, faz parte dos 10% de parlamentares do Congresso Nacional que são de origem árabe. A comunidade é forte na política e conta ainda com cinco ministros no gabinete do presidente Lula.
A história da família de Tuma é parecida com as de muitos dos membros da colônia, hoje estimada em cerca de 12 milhões de pessoas. Seu pai iniciou a vida no Brasil como comerciante, vendendo mercadorias pelo interior, e depois se estabeleceu na 25 de Março com uma loja de armarinhos, tecidos e roupa de cama, mesa e banho.
“Um dos grandes objetivos dos imigrantes era poder oferecer um diploma aos filhos, vê-los formados, coisa que não tiveram condições de ter em seus países de origem”, afirmou o senador. Das origens no comércio, os descendentes de árabes se espalharam pelo Brasil e por todos os ramos de atividade. Hoje, por exemplo, os libaneses que vivem no Brasil e os brasileiros de origem libanesa são mais numerosos que a população do próprio Líbano.
Festival
Os 130 anos da imigração árabe estão sendo comemorados também no Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, que segue até o dia 31 de março em quatro cidades paulistas. Diversas atividades ocorrem em 26 lugares da capital paulista, em São José dos Campos, Santos e Campinas.
Hoje também São Paulo ganha um novo espaço de cultura e pesquisa: o Centro de Cultura e Pesquisa Árabe-Sul-Americano. Além disso, A Rua 25 de Março será transformada num palco de diversas atrações como apresentação de grupos marroquinos e libaneses, dois cordelistas e dois repentistas do Cariri.

