São Paulo – A taxa de natalidade da região é maior que a do Ocidente. As famílias locais não costumam ter menos de três ou quatro filhos. Só nos Emirados estão em projeto 30 novos parques de diversão temáticos. Também foi lá que no começo deste ano o governo isentou de taxas as importações de produtos alimentícios, entre eles o leite em pó infantil. E o Bahrein está destinando US$ 16 milhões para construir um museu para crianças.
Os dados acima dão uma idéia da importância que o mundo árabe dá para o mundo infantil e do tamanho que esse mercado vem assumindo na região. “É um mercado muito bom, comprador, tem uma renda boa e paga bem”, diz Wagner Aécio Poli, presidente do Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigui (Sinbi), município onde está o maior pólo de produção de calçados para crianças do Brasil.
Algumas empresas brasileiras já perceberam isso e vêm explorando este potencial. É o caso da Marisol, que tem na região franquias de suas marcas de roupas infantis Tigor T. Tigre & Lilica Ripilica, das indústrias de calçados Bibi, Pampili e Klin, que exportam para o mercado de lá, e até de setores mais inusitados, como o de informática. A empresa Positivo Informática vende microcomputadores para crianças do Egito e da Arábia Saudita.
Há consenso, porém, entre os consultores e empresas da área que o país ainda exporta muito pouco para o mercado infantil dos países árabes diante do potencial que existe. Dados do Departamento de Desenvolvimento de Mercados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira mostram que, no ano passado, o Brasil exportou apenas US$ 492 mil em cinco produtos para crianças: preparações alimentícias, fraldas, brinquedos, roupas e livros.
Para o mundo, as empresas brasileiras exportaram, nestes mesmos itens, US$ 91 milhões no ano passado. “É um mercado ainda pouco explorado”, diz o gerente do Departamento, Rodrigo Solano. Ele lembra, porém, de vários indicativos que tornam os países árabes bastante atraentes para quem produz para crianças. “A renda per capita do Golfo é de cerca de US$ 20 mil, em Dubai é de US$ 41 mil e no Catar de US$ 71 mil”, afirma.
De acordo com Solano, na maior parte dos países árabes os jovens respondem por 40% a 50% dos moradores. Isso sobre um universo de 340 milhões de pessoas, que formam a população do mundo árabe. “E os árabes dão grande importância para a família, não medem esforços para bons produtos para suas famílias”, afirma.
O presidente do Sinbi afirma que, no caso do setor de calçados, um dos grandes entraves para exportar mais para a região é a baixa cotação do dólar no Brasil e também a concorrência com os produtos chineses. A China, na verdade, é uma grande concorrente também em outros produtos do setor infantil, no mundo árabe, como os brinquedos e as roupas. Não só os chineses, aliás, como o mundo todo quer vender para as crianças árabes.