São Paulo – O embaixador Ruy Pacheco de Azevedo Amaral assume no dia 26 a chefia da representação diplomática do Brasil no Egito. Em visita à sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, nesta segunda-feira (09), ele disse à ANBA que enxerga a missão com “imenso entusiasmo”, mas “consciente dos desafios”.
“É uma embaixada que tem grande importância”, afirmou. Sob o ponto de vista comercial, o diplomata destacou que o Egito é o maior destino dos produtos brasileiros na África, respondendo por mais de 20% do que o País exporta para o continente; e o terceiro maior mercado entre as nações árabes, atrás apenas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.
Ele ressaltou que pretende auxiliar os empresários brasileiros nos negócios com o Egito, mas também apoiar as exportações do país árabe ao Brasil. “O Egito tem um grande déficit comercial com o Brasil, o que pode vir até a estrangular os negócios. O bom comércio é aquele de mão dupla”, declarou.
Amaral disse também que a embaixada no Cairo é um importante “posto de observação política para o Brasil”, dado o peso do Egito no Oriente Médio e Norte da África. “O país é protagonista de uma das crises políticas mais importantes de nossos dias, com desdobramentos imprevisíveis”, afirmou ele, referindo-se à Primavera Árabe e aos seus efeitos.
O embaixador afirmou ainda que acha possível promover ações de cooperação bilateral em diferentes áreas, como a agrícola, onde o Brasil tem larga experiência; e a de desenvolvimento social, onde o País tem também programas bem sucedidos, como o Bolsa Família, de transferência de renda para famílias de baixa renda.
“O Egito vem adotando uma política de tentar retirar parte dos subsídios tradicionalmente utilizados nos setores de energia e de alimentos. Estão na direção correta, mas cortar ‘a sangue frio’ é difícil. Eles podem experimentar a transferência direta de recursos para populações carentes”, destacou. “Pode ser interessante [cooperar nesta área], o Brasil tem condições de auxiliar, tem know-how no assunto”, acrescentou.
Amaral tem 57 anos, sendo 28 de Itamaraty, e já serviu em representações diplomáticas brasileiras em Lisboa, México, Paris, Londres e teve duas experiências no Líbano, a primeira em 1991, logo depois do fim da guerra civil, e outra em 2006, quando organizou a retirada de brasileiros em função do ataque israelense no sul do país. Antes de ser nomeado para o cargo no Cairo, o diplomata atuou como secretário adjunto Ibero-americano, em Madri.


