São Paulo – O brasileiro Henrique Tabchoury (foto acima) costumava ouvir discos árabes com seu pai libanês desde criança e via o pai se emocionar com as canções de sua terra natal. Jamil Abrão Tabchoury nasceu em Trípoli, no Líbano, em 1917, e veio para o Brasil com sua família em 1927, quando tinha apenas nove anos.
Depois que ele faleceu, em 1988, Henrique herdou por volta de 300 discos de artistas árabes do pai. Desde então, ele dedica seu tempo livre a resgatar, colecionar e catalogar discos árabes, muitos deles gravados no Brasil, como uma forma de homenagear seu pai e a colônia árabe que veio para o País na primeira diáspora, entre o fim do século 19 e início do século 20.
Engenheiro agrônomo de formação, Henrique Tabchoury trabalha no agronegócio e desde os anos 2000 começou a comprar discos árabes para seu acervo, que hoje conta com cerca de 4 mil discos – destes, nem todos são árabes. Ele recentemente recebeu uma doação de 22 discos de artistas árabes e brasileiros da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Tabchoury busca os discos árabes em anúncios, sebos, antiquários e sites de vendas. Ele coleciona a discografia árabe produzida no Brasil e já tem por volta de 60 discos de artistas árabes que moraram e gravaram aqui, por selos como Continental, Odeon, Arte-fone e RCA Victor. As gravações foram feitas entre 1927 e 1935 e seu acervo conta com discos de artistas como Nagib Hankash e Nagib Mubarak.
“É uma recuperação da história da colônia árabe no Brasil, esses artistas tiveram importância fundamental para a comunidade, foram um alento para os árabes que vieram para o Brasil”, disse Tabchoury à ANBA.
Os discos são principalmente de artistas sírios e libaneses. “Chuto que a maioria é de artistas libaneses, porque muitos cantam odes ao Líbano, e 90% a 95% são árabes cristãos”, disse Tabchoury. Em sua avaliação, mais da metade destes é de cristãos ortodoxos, e menos da metade, de cristãos maronitas.
Dos 4 mil discos em sua coleção, ele já catalogou e digitalizou cerca de 580, e quase 400 destes são árabes. “Catalogados, entre particulares e gravações em série, temos 390 discos árabes gravados no Brasil em 78 rpm, fora os LPs (vinil), compactos e discos de 10 polegadas”, informou. Ele pretende digitalizar a totalidade de seu acervo e em um segundo momento, criar um site com o catálogo de músicas e informações sobre os artistas.
Um de seus objetivos é encontrar todos os discos árabes de gravações particulares feitas no Brasil até os anos 1970. “Depois dos anos 1970, as gravações de fora começaram a chegar aqui”, disse. Ele também quer encontrar mais discos árabes antigos, gravados no Brasil ou não.
“Muita gente guarda os discos por valor sentimental, e muitos não sabem o que fazer e se desfazem, jogam no lixo. Estou buscando esses discos nas minhas horas vagas, vou a outras cidades, converso com as famílias. Não tenho interesse comercial, minha coleção tem um fundo histórico e é uma fonte de homenagem aos árabes no Brasil”, declarou.
Tabchoury já foi a Araxá, Barretos, Uberaba, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Pindamonhangaba, entre outros municípios brasileiros onde há comunidades árabes. “Quero que as pessoas saibam que estou construindo este acervo”, disse. Ele aceita doações e também compra discos.
Contato
Henrique Tabchoury
Telefone e Whatsapp: (34) 99300-0675
E-mail: htabchoury@gmail.com
Instagram: @hentabchoury
Facebook: Henrique Tabchoury