São Paulo – No ano passado, a gaúcha e estudante de história Bárbara Lauxen, 25 anos, passou dois dias em uma escola da cidade de São Leopoldo conversando com crianças do ensino fundamental sobre o Egito. Bárbara falou, os pequenos indagaram, emitiram seus pareceres e o resultado foi a montagem de um mini museu egípcio para ser mostrado aos colegas. No começo deste mês, ela e outras duas colegas, Calane Tavares, 25 anos, e Camila Barbosa, 18 anos, também estudantes de História, fizeram uma oficina sobre o mesmo tema, com uma proposta pedagógica também interativa, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre.
Agora, as três gaúchas pretendem transformar a experiência das oficinas culturais sobre o Egito em um projeto maior e oferecê-la a crianças do Rio Grande do Sul. As jovens são estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e a primeira iniciativa, na escola, surgiu da vontade de Bárbara, após um curso de educadora social em uma organização não governamental (ONG). “Eu sempre gostei muito, li muito sobre o Egito e no final do curso eu precisava fazer um projeto. Então resolvi trabalhar o Egito de uma forma diferente”, afirma a gaúcha.
Bárbara então montou a oficina de forma voluntária e a aplicou para alunos de segunda e quarta série de ensino fundamental da Escola Municipal Professora Otília Carvalho Seth, de São Leopoldo, cidade que fica a 30 quilômetros da capital gaúcha. “Contei para eles a história do Egito, falei sobre os deuses, eles interpretaram os deuses. Eu levei fotos do Egito, mapas”, afirma. Também um egípcio, chamado Adel Shalabi, foi até as crianças para falar sobre o seu país. O objetivo foi mostrar que a vida lá, atualmente, é parecida com a do Brasil e de qualquer outra parte do mundo e não tem mais, por exemplo, faraós ou coisas parecidas.
Como resultado do trabalho, as crianças montaram uma espécie de mini museu em uma sala de aula, com fotos do país árabe e sarcófagos feitos com caixas de sapatos. As próprias crianças se maquiaram como os faraós e o espaço foi visto pelos demais alunos da escola.
Já na Casa de Cultura Mario Quintana, o trabalho de Bárbara, Calane e Camila fez parte de um projeto chamado Oficina de Arte Sapato Florido. Lá as três estiveram um dia com crianças de seis a 13 anos e puseram para elas o filme “Cadê a Minha Múmia”. Depois de conversar com as historiadoras sobre o Egito, as crianças, então, confeccionaram amuletos, escaravelhos (que representava uma divindade no Egito Antigo) e papirus.
O objetivo das oficinas, diz Bárbara, é fazer uma costura entre o passado e o presente, um paralelo entre a realidade da criança e do tema estudado. “Mostrei para as crianças a foto de um arroio cheio de lixo e perguntei para elas que lugar elas achavam que era. Elas responderam “Brasil”. Contei então que era uma foto do Egito. Garanto que no Egito as crianças também devem achar que no Brasil as pessoas vivem de cocar”, afirma Bárbara.
As estudantes escolheram o Egito por se tratar do berço da humanidade. “Adoro a cultura egípcia, é nosso passado, é parte da humanidade”, diz Barbara. As três estudantes de História têm vontade de oferecer as oficinas de forma gratuita para as crianças de escolas e na Casa de Cultura Mario Quintana, mas ainda estão verificando como viabilizar isso economicamente. Bárbara lembra que as crianças que não podem pagar são as que mais necessitam desta bagagem cultural. Uma alternativa, no entanto, caso não consigam verba para oferecer as oficinas gratuitamente, será fazê-las cobradas. A ideia é que o projeto inclua várias áreas, como a arte da mumificação, mitologia e teoria aplicada à arte.
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Oficinas Descobrindo o Egito
Contato: +55 (51) 8553-8412 (Calane) ou +55 (51) 9378-4826 (Bárbara)
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