São Paulo – Foi dada a largada para transformar São Carlos, no interior de São Paulo, numa referência mundial nas pesquisas sobre o desenvolvimento e uso de energias limpas, sustentáveis e renováveis. Trata-se do início do projeto Cidade da Energia, que consiste na criação de um pólo voltado para a atividade numa área de 2,6 mil hectares, que terá, além de salas de estudos e laboratórios, serviços com um centro de convenções e o Museu da Energia.
Dando início às obras, o Ministério do Turismo liberou, esta semana, R$ 19,7 milhões para a iniciativa, a serem usados para a duplicação de sete quilômetros da Rodovia Guilherme Scatena, que dá acesso ao local onde será construído o centro. A Prefeitura de São Carlos liberou mais R$ 1,7 milhão. Ao todo, o projeto receberá investimentos de R$ 50 milhões do Governo Federal, R$ 10 milhões da Prefeitura, R$ 25 milhões da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e R$ 3 milhões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A previsão é que essa etapa inicial, de investimento na estrada, dure seis meses. “Vamos reforçar a vocação que São Carlos já tem, por ser um centro de excelência em pesquisa e uma cidade que atrai muitos eventos de turismo de negócios”, afirma o ministro do Turismo, Luiz Barretto. “Isso sem falar que a sustentabilidade, a busca por energias alternativas, é o grande tema do século 21”, explica. Além do Ministério do Turismo, estão envolvidas no projeto as pastas da Agricultura, Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
“Vamos construir o Epcot Center da energia renovável em São Carlos”, garante o diretor-executivo da Cidade da Energia, Antônio Cláudio Lot, numa referência ao mais famoso parque temático da ciência e tecnologia do mundo, instalado em Orlando, nos Estados Unidos.
Entusiasta da iniciativa, Lot explica que a Cidade da Energia vai reunir num só espaço todas as pesquisas e modelos de energia renovável existentes hoje. “Investidores do exterior poderão visitar o pólo e conhecer tudo o que está sendo feito em São Carlos, a capital brasileira da tecnologia”, diz. “Aqui, poderão conhecer fontes energéticas de impacto zero de gás carbônico, como a solar e a eólica, entre outras”, afirma. “Logo poderemos obter álcool não só da cana-de-açúcar, mas de outras plantas encontras na biodiversidade nacional, como o capim-elefante e o eucalipto, por exemplo”, explica.
O diretor-executivo da Cidade da Energia afirma que o “palco de demonstração do uso da energia renovável” a ser criado em São Carlos terá sua gestão dividida entre a Prefeitura local, Abimaq e Embrapa. “A ideia é que 50% da administração seja pública e 50% privada”, diz.
Terra de doutores
A escolha de São Carlos para receber o projeto se deve, principalmente, à existência, ali, de universidades de ponta, com centros de excelência em pesquisa, como é o caso da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Com uma população de 230 mil pessoas, a cidade tem a maior proporção de profissionais com doutorado do Brasil: um a cada 200 habitantes.
Isso para não citar as empresas instaladas no município, como Electrolux, TAM, Volkswagen, Faber Castell, Opto Eletrônica (de componentes óticos) e SAP (softwares). “Só entre aquelas que trabalham com tecnologia para a área de saúde são 70 indústrias”, afirma o secretário de Governo de São Carlos, João Carlos Pedrazzani.
Pedrazzani conta que a cidade foi fundada em 1857 e sempre teve vocação industrial. “No início, o café e a produção têxtil eram as bases da economia local”, explica o secretário de Governo.

