São Paulo – Wallace Abeldt tem 27 anos, nasceu em Domingos Martins, cidade do interior do Espírito Santo, a quase 46 quilômetros da capital do estado, e se tornou o queridinho dos maquiadores árabes. Com 146 mil seguidores no Instagram, o profissional chamou a atenção do Médio Oriente e em 2019 começou a dar cursos no exterior. Os primeiros destinos foram Turquia e Líbano.
Filho de pais agricultores de café, Wallace chegou a estudar Direito por um ano e meio, por influência da família, antes de se encontrar como maquiador. “Sempre quis trabalhar com arte de alguma forma. Em 2015, enquanto estava ainda na faculdade, comecei a trabalhar em um salão da cidade vizinha como auxiliar geral, onde fazia tudo e tive o primeiro contato com maquiagem”, conta Abeldt.
O profissional, que nunca fez cursos na área da beleza, começou a aprender a nova profissão maquiando parentes, mas se aperfeiçoou quando foi chamado para ser auxiliar de maquiagem em um salão chamado Studio Vip, em Vitória, capital capixaba. Com o tempo, passou a chamar as amigas e estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) para treinar a arte de maquiar.
“Depois de praticar bastante, comecei a divulgar o trabalho em uma página do Instagram e as coisas foram acontecendo naturalmente. Em 2018 fui chamado pela primeira vez para dar um curso, em Foz do Iguaçu,”, conta, sobre a cidade fronteiriça do Paraná. Antes de chegar ao primeiro destino árabe, em 2019, o maquiador deu cursos em Curitiba (Paraná), Assunção (Paraguai) e São Paulo (SP).
Estilo de maquiagem
Para criar seu estilo de maquiagem, Wallace usou diversas inspirações, que são diferentes do que os maquiadores árabes fazem, mas que agradam muito pela sofisticação sem exagero. “O tipo de maquiagem que eu faço é mais glamourosa e tem brilho, você vê que a pessoa está maquiada, mas não está muito exagerado. Deixa a pessoa bonita, sem descaracterizá-la. Qualquer pessoa pode usar meu estilo de maquiagem, sem ficar estranho.”
O maquiador ainda diz que o seu estilo está sempre em construção, e que por todos os países que passa, aprende com os alunos e tem uma troca de informações de técnicas e produtos. Quando compara seu estilo de maquiagem com o árabe, ele aponta que os povos orientais costumam usar mais delineado e deixam o olho mais marcado.
“Acho que as mulheres árabes gostam do meu estilo porque agrega ao que elas já fazem. Não é para mudar o que gostam, que já é muito bonito.” Em comparação com as modelos brasileiras, por exemplo, as modelos árabes usam mais apetrechos, como lentes de contato, para valorizar mais a maquiagem.
Cursos nos países orientais
Em 2019, mesmo sem saber falar inglês, ele deu seu primeiro curso para profissionais de países orientais. Mais de 100 maquiadores iranianos foram levados para a Turquia para aprender com Wallace. O primeiro destino árabe dele foi o Líbano, em 2019. “O convite veio através do Instagram.” Na primeira quinzena de fevereiro de 2020, Wallace ensinou no Marrocos, e durante o Carnaval daquele mesmo ano, ele apresentou suas técnicas para maquiadores profissionais da Jordânia.
O último curso foi apresentado entre os dias 14 a 16 de fevereiro de 2022, no Egito, para 150 profissionais. “Foi uma experiência incrível porque é uma cultura diferente. Os árabes com quem tive contato são muito receptivos, levam presentes para a gente, pedem para que eu faça stories com eles. Os participantes admiram demais a arte brasileira e gostam do nosso estilo de maquiagem.” Até hoje, todos os convites de cursos, que duram o dia todo, que o maquiador recebeu, foram feitos pelo Instagram.
Além dos cursos, o sucesso de Wallace já chegou a outros locais. Ele maquiou uma cantora e atriz libanesa chamada Rola Saad. “Ela gravou um clipe na Turquia e eu produzi ela durante mais de 24 horas. Fiz várias maquiagens para diferentes looks. Foi um dia incrível.”
*Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA
