São Paulo – A maré está alta para os negócios em Santos. A cidade portuária, que recebeu milhares de imigrantes, entre eles muitos árabes que por ali prosperaram, cresce ao ritmo das novas descobertas de petróleo, especialmente na região do pré-sal, dos investimentos nacionais e estrangeiros e das obras da sede da Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bacia de Santos (UN-BS) pela Petrobras.
Os investimentos em infraestrutura, que devem superar R$ 5 bilhões de reais até 2014, já se refletem em valorização imobiliária e edifícios históricos revitalizados. As melhorias começam pelo porto, o maior da América Latina, em obras de expansão para absorver o volume de movimentações de carga, que deve triplicar até 2024, de acordo com informações da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), e atingem com força total os campos de exploração da camada pré-sal, a exemplo de Tupi, a 300 quilômetros da costa.
A Petrobras, que instalou uma unidade de negócios em Santos há quatro anos, já tem grande participação na economia do município e de toda a Baixada Santista. A estatal já responde por uma parte substancial dos impostos arrecadados pelo município e empregos. Atualmente, existem 900 funcionários atuando na cidade. Após o anúncio das descobertas do pré-sal, Santos foi escolhida para virar a sede das operações da companhia na área.
Segundo informações da companhia, apenas o terreno de 25 mil metros quadrados onde será instalado um complexo de três torres, no bairro do Valongo, custou R$ 15 milhões. A primeira torre deve ficar pronta em dois anos e vai gerar 2.200 empregos diretos. Juntos, os edifícios vão empregar 6.600 pessoas.
À medida que novos investimentos são anunciados, a cidade se transforma com boas perspectivas em diversos setores da economia como turismo, imobiliário, tecnologia, comércio e serviços. Velhos armazéns em breve serão substituídos por empresas do setor de tecnologia. A área, aliás, que virou prioridade para instituições de ensino que criaram cursos específicos para formar especialistas em petróleo e gás.
Também nas redondezas da sede da companhia, o futuro Museu Pelé vai receber R$ 20 milhões e ocupará o esqueleto abandonado do casarão onde já funcionou a prefeitura. A revitalização do prédio é uma das bases do programa Alegra Centro, criado há sete anos pela prefeitura e que já recebeu R$ 136,6 milhões. De lá para cá, 297 restaurações e reformas foram realizadas em casarões históricos, numa parceria entre governo e empresários. No centro, modernos restaurantes contrastam com o bonde escocês de 1910 e com a requintada arquitetura da Bolsa de Café.
Basta um passeio pela cidade para perceber que diversos locais já viraram canteiro de obras. Betoneiras e pedreiros anunciam a chegada de novos empreendimentos em diversos bairros. É possível ver anúncios de empreendimentos de grandes construtoras e incorporadoras como Helbor, Gafisa, Agre e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário.
A Ponta da Praia, próxima à balsa que leva ao Guarujá, é onde há o maior volume de obras em andamento. Ali, o preço do metro quadrado fica em torno de R$ 4 mil. E a tão aguardada Ponte Santos-Guarujá vai receber R$ 700 milhões e desafogar o tráfego na balsa.
O novo cais para navios de cruzeiro do Porto de Santos, planejado para atender os turistas da Copa de 2014 vai custar R$ 160 milhões. E por falar em Copa, Santos pretende ser sub-sede do Mundial, recebendo uma das seleções. A imagem do Rei Pelé pode ajudar a atrair mais turistas para a cidade. A Vila Belmiro, palco das artes e das façanhas de Pelé, será ampliada, reformada e modernizada para ser outro diferencial a favor da cidade.
A Avenida Perimetral, que facilita o acesso ao porto nas duas margens, deve receber R$ 529 milhões. O processo de dragagem para aprofundamento do canal de navegação consumirá R$ 346 milhões. Além disso, mais R$ 2,9 bilhões estão sendo aplicados na construção de mais quatro terminais de carga no porto, entre o Embraport, que tem a empresa árabe DP World como sócia.
No final do século 19, o crescimento de Santos vinculou-se à estreita relação entre o desenvolvimento da produção do café, da implantação da ferrovia, das obras de ampliação do porto e do vertiginoso crescimento populacional, impulsionado pelas demandas de trabalho no porto e na ferrovia. Agora, é hora e a vez do petróleo promover esse desenvolvimento.
Amanhã você confere a segunda reportagem de uma série especial produzida pela ANBA sobre a transformação da cidade de Santos.

