São Paulo – O músico Elfateh Hussain Ahmed conclui na próxima semana a sua turnê pelo Brasil, depois de ter apresentado a face da música sudanesa em dois estados e no Distrito Federal. Hussain fez um show e deu uma palestra como parte da programação da Virada Cultural, na capital paulista, e também falou sobre a música sudanesa e tocou violão no estado da Bahia e no Distrito Federal. Ele volta ao seu país com a impressão de que passou por casa. “Não me senti um estrangeiro”, afirmou o artista à ANBA.
Hussein afirmou que houve uma recepção muito boa do público brasileiro, que lotou o Biblioteca Mario de Andrade, onde o violonista se apresentou em São Paulo. Segundo ele, as pessoas presentes se emocionaram e não ficaram tão surpresas assim com os arranjos, já que, segundo o sudanês, há muitas similaridades entre a música brasileira e a música sudanesa. “Mesmo tendo tocado só, houve uma boa reação”, disse Hussein, que normalmente se apresenta com a banda que leva o seu nome, Dr Elfateh Hussain, e tem 12 integrantes.
A partir da viagem, Hussain afirma que vai passar a divulgar a música brasileira em seu país, principalmente entre seus alunos, já que ele atua também como professor de música. “Vou incentivar meus alunos a ouvirem música brasileira”, disse o artista. O mesmo deve ser feito em relação à música sudanesa por professores brasileiros de música que tiveram contato com Hussain durante sua passagem pelo Brasil. Nos momentos em que esteve com estudantes brasileiros, durante as palestras, ele disse que verificou que eles são muito “observadores”, interessados em aprender.
Hussein, além de artista, é um inovador e promotor do seu país. Ainda no começo da carreira, uma das suas preocupações foi resgatar as características da música própria do seu país e divulgá-la mundo afora. Ele conta que começou a tocar com 15 anos, ainda na escola. Na época, no entanto, se dividia entre o gosto pela música e a pintura. Com o incentivo de um tio, que toca alaúde, Hussein se inclinou pela música. Aprendeu alaúde e acorde e depois violão. Sem dinheiro, ele fabricou o seu próprio violão e conseguia pegar as músicas de ouvido.
No ensino médio, Hussain teve acesso a um violão fabricado industrialmente e começou a participar de festivais. Ganhava sempre e isso o encorajou a entrar no Instituto de Música e Teatro do Sudão. Hussein também tocava com grandes nomes da música nacional sudanesa e com eles fez shows pela Europa e países árabes. Logo, no entanto, se preocupou em juntar-se a outros músicos, estudantes e graduados, e tentar resgatar a música sudanesa para apresentá-la ao mundo. A ideia foi reforçada depois que ele voltou de sete anos vivendo em Moscou, onde fez um curso avançado, depois mestrado e doutorado em música.
De volta ao Sudão, Hussain foi convidado para criar a banda nacional sudanesa. Depois passou a se apresentar em outros países com o seu grupo. De lá para cá, o artista já esteve em outras nações do mundo árabe e África, Europa e Ásia, entre outros. Hussein criou cerca de 30 composições e também toca a música de outros autores. Essa foi sua primeira viagem ao Brasil. “Mas vou voltar”, afirma ele, manifestando vontade pessoal.
Ele se apresentou na comemoração de 50 anos da União Africana, da qual participaram embaixadores africanos e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e em evento organizado pela Bibliaspa, braço cultural da Cúpula de Países Árabes e Sul-Americanos (ASPA). Os eventos do qual ele participou tiveram a organizações de organismos e entidades como Bibliaspa, Ministério de Relações Exteriores (MRE), Departamento Cultural do MRE, Ministério da Cultura, Assessoria Internacional do governo do estado da Bahia e Prefeitura de São Paulo.
Na última sexta-feira (31), Hussain esteve na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, ao lado do embaixador do Sudão, Abd Elghani Elnaim Awad Elkarim, e os dois foram recebido pelo diretor-geral da entidade, Michel Alaby. A entidade também deu o seu apoio às atividades do músico no Brasil. Hussain ressaltou o apoio importante do embaixador Elkarim, que o acompanhou nos compromissos e organizou a sua agenda no País.


