São Paulo – A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas estimativas para o crescimento da economia mundial este ano e no próximo. De acordo com a publicação semestral Perspectiva Econômica, divulgada nesta terça-feira (19), em Paris, o Produto Interno Bruto (PIB) global deverá avançar 2,7% em 2013 e 3,6% em 2014. Em maio, quando a última edição do relatório foi lançada, as projeções eram de 3,1% e 4%, respectivamente. Em 2015, a organização avalia que o mundo vai crescer 3,9%.
Segundo comunicado da OCDE, a redução ocorreu por causa da piora das perspectivas para algumas economias emergentes. É o caso do Brasil. Em maio, a entidade previa que o País iria crescer 2,9% este ano e 3,5% no próximo. Agora, as expectativas de avanço são de 2,5% e 2,2%, respectivamente. Para 2015, projeção é de 2,5%.
Na avaliação da instituição, o crescimento começou a acelerar na China, mas vai permanecer mais fraco do que anteriormente previsto na maioria das outras grandes economias emergentes.
Apesar das estimativas menores, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, afirmou que “a recuperação [da economia mundial] é real, mas em baixa velocidade”. Ele alerta, de acordo com o comunicado da entidade, que “pode haver turbulência no horizonte”.
“Há risco de outro surto de comportamento periclitante nos Estados Unidos e há também risco que a redução da compra de ativos pelo Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) traga outro surto de instabilidade”, afirmou Gurría, referindo-se à disputa política interna dos EUA, que volta e meia coloca em xeque o aumento do teto da dívida do país, e à possibilidade de retirada pelo Fed de estímulos econômicos.
“O cancelamento de políticas monetárias não convencionais será delicado, mas também serão as ações para evitar uma nova turbulência na Zona do Euro e para garantir que as perspectivas de crescimento e as metas fiscais do Japão sejam atingidas”, acrescentou o secretário-geral.
A OCDE aponta para outras situações que preocupam: a desaceleração do crescimento do comércio global, do fluxo de investimentos estrangeiros diretos e dos investimentos em ativos fixos; e uma taxa de desemprego ainda em alta, especialmente na Europa.
No caso dos EUA, a OCDE sugere uma redução gradativa das políticas de estimulo e da chamada “quantitative easing”, iniciativa do Fed que injeta dólares na economia, para evitar impactos em mercados emergentes mais vulneráveis. Vale lembrar que basta o Fed mencionar a possibilidade de começar a mudar esta política para o mercado de câmbio entrar em polvorosa. O Brasil sentiu bastante os efeitos disso ao longo deste ano, com uma forte valorização do dólar frente ao real.
A instituição recomenda também o fim do teto legal para a dívida dos EUA, para impedir que disputas paroquiais no Congresso local coloquem em risco a economia mundial, como visto recentemente.


