São Paulo – A organização não-governamental Voz dos Oceanos terá um “lar” durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém, no Pará. Na segunda-feira (7), o CEO da Voz das Oceanos, David Schurmann, se reuniu com as lideranças da Câmara de Comércio Árabe Brasileira na sede da instituição, em São Paulo, ocasião em que apresentou o projeto que busca conscientizar, sobretudo, para o lixo plástico que chega aos oceanos.
Do encontro, participaram o presidente da Câmara Árabe, William Adib Dib Junior, o vice-presidente de Relações Internacionais e secretário-geral da instituição, Mohamad Mourad, a vice-presidente de Marketing, Silvia Antibas, e a analista sênior de Relações Institucionais, Elaine Prates. Schurmann estava acompanhado da diretora de Operações da Voz dos Oceanos, Fabíola Carlotto, e do gerente de Comunicação e Relacionamento, Alexandre Moreno.
Schurmann é cineasta, um dos filhos de Heloísa Schurmann e Vilfredo Schurmann. A família se notabilizou por realizar expedições ao redor do mundo em um veleiro. E foi justamente nas navegações nos lugares mais isolados do Planeta que os Schurmann registraram o impacto da ação humana sobre os oceanos.
“Nos últimos 20 anos, sentimos que os oceanos estavam mudando. Fomos aos locais mais remotos do Planeta, o Ponto Nemo, que é o local mais isolado do mundo (no Pacífico Sul). Tem algumas ilhas próximas ao Ponto Nemo, não habitadas. Há 20 anos chegamos a essas ilhas, desembarcamos nelas com um bote, e quando chegamos na praia, ao olhar para o lado vi coisas coloridas. E eram resíduos humanos, lixo. Pensamos que se aquela região estava captando o lixo, havia algo muito errado. E, desde então, só vimos aumentar”, relatou Schurmann.
A Voz dos Oceanos foi criada em 2021 para conscientizar sobre o lixo despejado nos oceanos e, como parte deste projeto, a instituição terá a “Casa Vozes dos Oceanos” na COP30, um espaço com auditório, lounge, estúdio audiovisual, exposição interativa e palestras com convidados especiais. Dois veleiros da família estarão na casa. Um deles, com Heloisa a bordo, está navegando pelo Oceano Índico. O outro, zarpa em agosto do Sul do Brasil com destino a Belém.
O objetivo de levar os oceanos para a COP30, um espaço que prioritariamente discute emissões de gases causadores do efeito estufa, diz Schurmann, é conscientizar para o papel dos oceanos como “pulmão” do mundo e para o fato de que entre 65% e 70% dos resíduos encontrados nos oceanos são provenientes dos rios.
A Casa Vozes dos Oceanos não ficará nem na bluezone, área restrita das COPs em que se realizam as negociações formais entre os países, nem na greenzone, reservada a exposições, feiras e atividades culturais, entre outras atividades abertas ao público. A casa ficará em uma “freezone”, diz Schurmann, no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas e será aberta ao público.
A Voz dos Oceanos tem se aproximado de iniciativas em países árabes. Recentemente, Heloísa Schurmann, foi painelista convidada da Sorbonne University Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos, na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, realizada em Nice, na França. O país árabe tem iniciativas de promoção da economia circular e do combate ao lixo plástico nos oceanos.


