São Paulo – A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) divulgou nesta segunda-feira (21) um relatório que diz que a ocupação dos territórios palestinos resulta num pesado custo econômico e nega à população local “o direito humano ao desenvolvimento”. O documento será apresentado à Assembleia Geral da ONU na última semana deste mês, segundo a Unctad.
O relatório afirma que desde a ocupação, em 1967, o povo palestino nunca teve controle soberano de sua economia, recursos naturais e território. Além disso, é negado aos palestinos o direito de livre trânsito em sua terra natal e eles são impedidos de produzir e de realizar atividades normais de comércio e interação social entre suas próprias comunidades e com o resto do mundo.
Ao mesmo tempo, de acordo com a Unctad, há a expansão de assentamentos israelenses em áreas palestinas e o crescimento do número de colonos. A agência da ONU informa que 61% das terras da Cisjordânia estão sob controle israelense e inacessíveis aos produtores palestinos. Na Faixa de Gaza, a população local não tem acesso a 50% da área cultivável e a 85% dos recursos pesqueiros. Mais de 2,5 milhões de árvores produtoras de frutos foram derrubadas desde 1967.
A Unctad alerta que o governo e os produtores rurais palestinos são proibidos de construir ou manter poços de água, ao passo que o “a potência ocupante” tem extraído água da região a um nível superior ao determinado nos acordos de Oslo, o que configura confisco. “Neste sentido, as políticas de ocupação deformaram a estrutura da economia palestina e desencadearam um processo contínuo desagriculturização e desindustrialização”, diz comunicado da instituição.
O relatório informa ainda que os três ataques realizados por Israel na Faixa de Gaza de 2008 a 2014 geraram prejuízos estimados em três vezes o tamanho da produção anual da economia do território.
Para a Unctad, sem a ocupação, a economia palestina poderia “facilmente” ter o dobro do tamanho que tem atualmente. O relatório afirma, porém, que os estudos realizados até hoje são superficiais e não revelam a totalidade dos custos da ocupação.
A agência pede à Assembleia Geral a criação de um sistema regular de medição dos impactos da ocupação na economia. A Unctad diz que isso é essencial para buscar o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável da ONU nos territórios palestinos.


