São Paulo – Doha, a moderna e cosmopolita capital do Catar, está ainda mais agitada no período que é sede da 2ª Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa). O evento reúne 34 países, sendo 12 sul-americanos e 22 árabes, na maioria representados pelos seus chefes de estado. Além disso, a cidade também recebe os empresários para o Fórum Empresarial, que ocorre paralelamente à Aspa, no hotel Sharq Village – um dos mais elegantes de Doha.
Nos últimos anos, o Catar vem investindo pesadamente na transformação da infraestrutura do país. "Doha é hoje um verdadeiro canteiro de obras, contrastando o moderno com o tradicional. As torres ‘touch-sky’ estão ao lado dos tradicionais ‘souks’ (mercados árabes), numa exibição de beleza ímpar", afirma o embaixador do Brasil em Doha, Anuar Nahes.
O projeto "Qatar Vision 2030" reúne projetos urbanísticos e de infraestrutura que vem sendo implementado e supervisionado por uma secretaria especial de planejamento, criada especificamente para acompanhamento deste projeto de transformação. "Nele, além das previsões estruturais, também estão delineadas estratégias de proteção nos campos ambiental, educacional e cultural – todos ameaçados pelos resultados naturais trazidos por acelerada modernização. A idéia seria justamente de dar sustentabilidade a essa transformação em curso", explica Nahes.
A economia do Catar é baseada na produção de petróleo, gás natural, aço, fertilizantes e cimento. O país é dono da segunda maior reserva de gás natural liquefeito do mundo e possui uma reserva de 3,3 bilhões de barris de petróleo, com estimativa de exploração por mais 25 anos.
A segurança pode ser considerada como uma das principais características de Doha. O índice de crimes registrados é praticamente zero, limitando-se a questões caseiras ou pequenos furtos. O trânsito, no entanto, é considerado perigoso porque os modernos carros conseguem ter alta velocidade e não há a cultura de uso de cinto de segurança entre a população local. "Trata-se de área que vem sendo objeto de campanhas de conscientização e que vem mostrando resultados gradativos", destaca.
Outra característica de Doha que não pode deixar de ser mencionada, segundo Nahes, é a convivência pacífica das mais diferentes culturas, o que pode ser comprovado por uma caminhada na orla ou em um dos shopping centers da cidade. "É possível ver desde famílias locais cataris com trajes típicos até uma mulher ocidental caminhando em trajes não tão cobertos", acrescenta.
O embaixador do Catar no Brasil, Jamal Nasser Al-Bader, afirma ser visível a modernidade e a tecnologia em toda a cidade. "Além disso, é um importante centro cultural e comercial e goza de excelentes comunicações com o mundo exterior através do seu moderno porto, aeroporto e postos telefônicos. Quando o avião desce no Catar tem se uma bela vista da capital Doha. O paisagismo da cidade, as águas claras do mar, o fundo arenoso do deserto dão uma idéia da beleza que nos espera por todo o país", diz Al-Bader.
Palco do mundo
O Catar quer se transformar em território capaz de sediar grandes eventos. Os jogos asiáticos de 2006 comprovaram a capacidade do país para receber quantidade grande de atletas. "O Catar não conseguiu qualificar Doha nas finais da disputa para sediar as olimpíadas de 2016, o que deixou os cataris muito tristes e, ao mesmo tempo, desafiados a mostrar ainda mais que são capazes. O país já anunciou sua intenção de concorrer para sediar a Copa do Mundo de Futebol, em 2022", diz o embaixador Nahes.
A capital é famosa por sediar eventos esportivos como, por exemplo, campeonatos mundiais de tênis, squash, golfe, boat racing, motor racing. Em fevereiro deste ano sediou o Tour of Qatar, campeonato de ciclismo com presença de campeões mundiais.
Além da arena esportiva, o Catar freqüentemente é o anfitrião de conferências regionais e internacionais, como a Conferência das Nações Unidas para Financiamento do Desenvolvimento, ocorrida em novembro de 2008. Já em 2001 o Catar sediou a rodada comercial internacional conhecida, a partir de então, como a rodada de Doha. A cidade recebeu cerca de dois mil participantes e o Centro de Convenções foi decorado como uma réplica da Assembléia Geral das Nações Unidas.
A Aspa
De acordo com o embaixador Nahes, a principal idéia da Aspa, independentemente dos resultados, é manter vivo o fórum capaz de reunir periodicamente duas regiões bem distantes, mas com profundos laços culturais e históricos que, por si só, justificam a existência do encontro. "Não se pode falar em América do Sul sem considerar a grande presença dos árabes, em especial dos sírio-libaneses, na construção da identidade cultural e na economia dos países da região", destaca.
Além disso, segundo ele, a Aspa pode ser entendida como verdadeiro estímulo à capacidade adormecida de negócios. Em termos econômicos, segundo Nahes, trata-se de duas regiões que podem ser consideradas complementares: o que se produz na América do Sul é de interesse no mundo árabe e vice-versa. "O evento, nesse sentido, aproxima os dois povos e alavanca negócios, cujo potencial, de fato, existe, aguardando apenas estímulo. A realização da Aspa comprova que o mecanismo, sugerido pelo Brasil, tem grandes chances de se tornar encontro tradicional por várias gerações ainda por vir”, completa.

