São Paulo – O escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc, na sigla em inglês) divulgou nesta terça-feira (03) que 2,4 milhões de pessoas são, atualmente, vítimas de tráfico humano no mundo. Segundo a instituição, dois terços (aproximadamente 1,6 milhão) das vítimas são mulheres. Os dados do Unodc foram anunciados durante uma conferência realizada em Nova York em parceria com o Grupo dos Amigos Unidos contra o Tráfico Humano, que reúne representantes de 21 países, e mostram, ainda, que este crime movimenta US$ 32 bilhões por ano. “Rivaliza, em lucros, com os tráficos ilegais de armas e de drogas”, afirma o Unodc.
Durante o encontro, o presidente da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Nassir Abulaziz Al-Nasser, do Catar, afirmou que o tráfico humano é uma “preocupante” forma de abuso dos direitos humanos. “O tráfico humano nega [às vítimas] sua dignidade individual, reduz elas a meros objetos explorados desavergonhadamente”, afirmou ele durante o evento.
Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (04) pela Organização Internacional de Migração (IOM, na sigla em inglês) mostra que a quantidade de crianças vítimas deste crime atendidas pela IOM cresceu 27% entre 2008 e 2011, de 1.565 para 2.040 no período. A quantidade de mulheres se manteve estável em 3.145 e a de homens cresceu 27%, no período. Segundo informações da Qatar News Agency (QNA), as mulheres são utilizadas como escravas sexuais e os homens, como força de trabalho escrava.
Segundo a IOM, a Rússia recebeu 837 vítimas de tráfico humano em 2011 e foi o maior destino dessa prática criminosa. Depois da Rússia, os maiores receptores foram Haiti (658 pessoas), Iêmen (552), Tailândia (449), Cazaquistão (265), Afeganistão (170), Indonésia (148), Polônia (122), Egito (103) e Turquia (101).
Já as principais origens das vítimas foram Haiti (709), Iêmen (378), Laos (359), Uzbequistão (292), Camboja (258), Ucrânia (235), Quirguistão (213), Afeganistão (179), Bielorrússia (141) e Etiópia (122).
A IOM mostra que os casos de tráfico de pessoas para exploração sexual caiu em 19% de 2008 para 2011, embora os casos de tráfico para exploração da força de trabalho tenham aumentado 43%. Ainda de acordo com a instituição, o tráfico entre países caiu 13% no período, graças ao aumento de controle de fronteiras e sistemas de imigração mais eficientes. Mesmo assim, dentro dos países o tráfico de pessoas cresceu 140%, de 713 para 1.708.
No encontro realizado pelo Unodc na terça-feira, o diretor executivo da instituição, Yury Dedotov, disse que o fundo de doações criado em 2011 para combater a prática recebeu US$ 470 mil, de US$ 1 milhão prometidos. Do total doado, US$ 25 mil foram repassados a 11 organizações não governamentais que ajudam as vítimas. Al-Nasser afirmou que o fundo precisa de mais doações para que “atue como um motor de assistência às vítimas”.

