Alexandre Rocha
São Paulo – O Oriente Médio é o principal mercado regional dos exportadores brasileiros de frango, responsável por 31% das compras internacionais do produto. De janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou 1,431 milhão de toneladas da ave, o que equivale a US$ 1,3 bilhão, sendo que mais de 440 mil toneladas foram para a região.
Uma das novidades no setor foi a exportação de 2.500 toneladas para o Iraque em agosto, coisa que não acontecia desde antes do embargo econômico imposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao país, após a guerra do Golfo, em 1991, segundo informações da Associação Brasileira dos Exportadores de Franco (Abef).
“O Oriente Médio é um mercado em que vem crescendo o consumo per capita. O frango é um item muito importante na dieta dos árabes”, disse Julio Cardoso, presidente da Abef, entidade que reúne as maiores empresas do setor, como Aurora, Perdigão, Sadia e Seara.
Tal afirmativa se revela nos números. Segundo dados da Abef, em 2002 os Emirados Árabes Unidos foram o segundo maior consumidor per capita de frango no mundo, com 42 quilos consumidos por habitante, atrás apenas de Hong Kong (43,5 quilos).
O Kuwait, por sua vez, apareceu em terceiro lugar (41 quilos) e a Arábia Saudita em sexto (33 quilos), atrás do Brasil (33,8 quilos). Em números totais, a Arábia Saudita foi, em 2002, a terceira maior importadora de frango, com compras na ordem de 390 mil toneladas, atrás da Rússia (1,22 milhão de toneladas) e do Japão (750 mil toneladas).
“O Brasil tem uma tradição de grande fornecedor para a região, operando a partir de grandes distribuidores por lá. Além disso, nosso produto tem qualidade e preço competitivos”, disse Julio Cardoso.
Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações brasileiras da ave para o Oriente Médio aumentaram 46% em relação ao mesmo período do ano passado. “Nós começamos o ano preocupados com a situação no Iraque, mas no fim das contas aumentou o consumo na região”, disse Cardoso.
Para o presidente da Abef, um dos motivos do crescimento nas vendas pode ter sido exatamente a movimentação de tropas norte-americanas e inglesas por lá, criando uma demanda extra por gêneros alimentícios.
Entusiasta do mercado árabe, Cardoso lembra, porém, que são necessários alguns cuidados especiais na produção. “O Oriente Médio é especial. Em primeiro lugar há necessidade do abate halal. Depois, o consumidor gosta de um frango menor. É um grande mercado, mas para operar por lá você tem de se adaptar ao gosto local”, afirmou ele. Abate halal é o abate das aves feito de acordo com as regras islâmicas.
Além disso, Cardoso diz que o árabe tem preferência pelo frango inteiro. Segundo ele, das mais de 440 mil toneladas exportadas até setembro, cerca de 411 mil foram de frangos inteiros, e o restante em cortes especiais.
O que contraria a tendência global das exportações brasileiras. Entre janeiro e setembro de 2003 o Brasil exportou 854.056 toneladas de frango em pedaços e 577.463 toneladas da ave inteira.
O presidente da Abef diz ainda que o Brasil é o principal fornecedor para a região, dominando de 40% a 60% das vendas em alguns países. Segundo ele, os produtores europeus só conseguem competir com os brasileiros se tiverem subsídios e os norte-americanos são mais preocupados com o mercado interno. Os principais compradores, além da Arábia Saudita, são Barhein, Catar, Emirados Árabes, Kuwait, Iêmen e Omã.
2003: dois milhões de toneladas
Assim como no Oriente Médio, as vendas de frango brasileiro vêm crescendo na Ásia e na África, ao passo que registraram queda em outros locais, como na Europa, Rússia e Mercosul.
Apesar disso, o setor aposta que fechará o ano com 2 milhões de toneladas exportadas, 25% a mais do que no ano passado, quando foram registradas vendas de 1,6 milhão de toneladas.
Segundo Cardoso, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador da ave, perdendo apenas para os Estados Unidos. O país produziu no ano passado 7,517 milhões de toneladas de frango e exporta para mais de 100 países. De acordo com o presidente da Abef, os principais estados produtores são Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.