Dubai – As economias do Oriente Médio e do Norte da África caminham para uma desaceleração este ano, segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicado nesta quarta-feira (03). A instituição financeira alerta que países pobres da região, como o Sudão, que passa por um conflito interno, vão continuar a sofrer com as altas taxas de inflação. Na foto acima, Riad, Arábia Saudita.
O crescimento vai diminuir de 5,3% no ano passado para 3,1% em 2023, disse o FMI em seu relatório regional regular.
“A redução no crescimento é um resultado aceitável se levarmos em conta que se trata do problema econômico mais difícil pelo qual um grande número de países passa atualmente, a inflação”, disse o diretor do FMI para o Oriente Médio e a Ásia Central, Jihad Azour.
O relatório trata de 32 países e territórios, desde o Golfo, que é rico em recursos, até o Norte da África, o Iêmen, assolado pela guerra, a Ásia Central e o Paquistão.
O relatório informa que países de baixa renda nessa região tendem a se recuperar da retração econômica de 0,6% com um crescimento tímido de 1,3%, ao passo que a inflação vai cair de 83% para uma taxa menor, mas ainda alta, de 46%.
Contudo, Azour disse que a queda da inflação não é suficiente diante das necessidades desse grupo de países, que inclui Sudão, Iêmen, Mauritânia, Somália e Djibuti.
Ele disse para a AFP que o impacto econômico do conflito no Sudão, que irrompeu no último mês e paralisou o país, é difícil de avaliar.
“É difícil prever, ainda mais porque o conflito eclodiu há pouco tempo, e não está claro como ele vai se desenrolar.”
Os problemas de longa data do Sudão e as consequências adicionais impostas pelo conflito tornam “difícil manter um nível de estabilidade econômica, considerando a estrutura econômica já fraca do país”, disse Azour.
“O que podemos ver até agora é que existe um impacto adicional para os países vizinhos em termos de refugiados e que existem riscos adicionais e incertezas para outros países também”, afirmou o diretor do FMI para jornalistas em uma conferência de imprensa.
A inflação total nas regiões abordadas pelo relatório deve se manter inalterada em 14,8%, ao passo que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) nos países exportadores de petróleo deve diminuir de 5,7% no ano passado para 3,1% em 2023, segundo o FMI, que atribuiu a redução a um corte na produção petrolífera.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) reduziu a produção em 2 milhões de barris por dia em outubro. Grandes potências petrolíferas anunciaram mais um corte de 1 milhão de barris por dia no mês passado. “A extensão do acordo da Opep+ para reduzir a produção teve uma impacto nos países exportadores de petróleo”, disse Azour.
Ele também afirmou que as relações diplomáticas na região, incluindo um acordo em março entre os grandes rivais Arábia Saudita e Irã de retomar relações, diminuíram a “tensão” e foram “algo bom para a economia”.
“Todos os avanços são positivos, pois, por um lado, reduzem os riscos e, por outro, abrem novos horizontes para a movimentação econômica e os investimentos.”
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Traduzido por Guilherme Miranda