Geovana Pagel
São Paulo – A maior parte das laranjas produzidas no Brasil é destinada à indústria do suco, que está concentrada em São Paulo. O grupo francês Louis Dreyfus, um dos maiores processadores de sucos de laranja do mundo, descobriu este filão há 50 anos e instalou uma divisão citrus no estado. Atenta também a novos mercados com potencial de compra, a empresa exporta para os países árabes desde o início da década de 1990.
Hoje o Oriente Médio é o terceiro maior mercado de destino do suco de laranja produzido pela Dreyfus no Brasil, que mantém um representante exclusivo em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O principal importador é a Europa e o segundo a Ásia. Entre os árabes, o suco brasileiro é consumido principalmente nos Emirados, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein e Jordânia.
"O fato de termos um representante local permite um acompanhamento e um atendimento ao cliente muito mais eficaz", afirmou o gerente comercial da Louis Dreyfus, Cláudio Barroso. "Também nos preocupamos em visitar os principais clientes pelo menos uma vez por ano", completou.
A companhia investe em plantações brasileiras de laranja. "Produzimos nossa própria matéria-prima em fazendas localizadas no interior paulista e exportamos cerca de 98% da produção", contou Barroso.
Com fábricas no Brasil e na Flórida, nos Estados Unidos, o grupo tem capacidade para processar 83 milhões de caixas de laranjas anualmente. As frutas são colhidas de maio a janeiro em São Paulo e de outubro a junho em Flórida. A divisão citrus controla o sincronismo da colheita para assegurar a maturidade da fruta.
Preferência árabe
"A acidez do suco está diretamente ligada ao tempo de maturação das frutas. Os países árabes preferem o suco mais doce, por isso enviamos para eles o suco feito com as laranjas mais maduras", explicou.
As laranjas são escolhidas manualmente e transportadas por caminhões diretamente da plantação. Após a produção, o suco é armazenado em grandes tanques que variam de 100 toneladas a 3 mil toneladas. As qualidades diferentes do suco, mais ou menos ácido, são armazenadas separadas e podem ser misturadas em estágios diferentes do processo de distribuição.
O suco é armazenado em uma temperatura de -10°C (14 F), que preserva a qualidade do produto por períodos longos. Por causa de sua concentração, o suco não congela e pode ser bombeado dos tanques.
Recorde de exportação
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), as exportações brasileiras de suco de laranja da safra 2003/04, equivalente ao período de julho do ano passado até junho deste ano, alcançaram o recorde de 1,3 milhão de toneladas, 5,1% a mais que em 2002/03.
A União Européia foi o principal destino do produto brasileiro. O bloco absorveu 969,3 mil toneladas, 11,8% mais, com destaque para a relativa manutenção de preços em um período marcado pela forte queda das cotações na bolsa de Nova York.
Os países do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), incluindo os Estados Unidos, permaneceram como segundo principal destino das vendas brasileiras, mas o volume embarcado caiu 28,3% em 2003/04 e ficou em 165,8 mil toneladas.
Para a Ásia, as exportações cresceram 17,5%, e alcançaram 148,3 mil toneladas. No início da safra recém-encerrada, a previsão das indústrias de suco era de estabilidade das exportações.
Mercado árabe
O Brasil exporta anualmente mais de um milhão de toneladas de suco de laranja e pouco mais de 3 mil toneladas vão para os países árabes. Embora as vendas do produto para a região ainda sejam inexpressivas, as grandes empresas do setor enxergam o bloco árabe como um dos mais importantes mercados alternativos para o suco brasileiro.
De acordo com os exportadores, as vendas devem aumentar principalmente para a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Líbano, Egito e Kuwait, que, juntos, têm um mercado consumidor potencial de mais de 100 milhões de pessoas e um PIB de quase US$ 380 bilhões.
Em entrevista à ANBA, o presidente da Abecitrus, Adermerval Garcia, informou que "é por isso que os países árabes fazem parte da estratégia de vendas da indústria de suco de laranja brasileira".
Segundo ele, todos os países árabes são potenciais compradores do suco de laranja brasileiro. "A Arábia Saudita é o maior comprador hoje e ainda temos um trabalho importante de divulgação do suco nesses mercados", disse.
Para os exportadores, a China, a Rússia e, no médio prazo, os países árabes, são considerados três dos mais importantes mercados alternativos para o produto brasileiro.
Contato
Louis Dreyfus no Brasil
+ 55 (11) 3039-6884
Representante em Dubai (Sr. Menon)
+971 4 397-6674

