São Paulo – A região do Oriente Médio e Norte da África tinha cerca de 36 milhões de pessoas com subnutrição há cerca de dez anos e terá 29 milhões de moradores nestas condições em 2030 caso não haja avanço nas políticas e ações para acabar com a fome. O percentual da população nestas condições cairia de 8,3% para 4,7%, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira (10) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), feito pelo Programa Alimentar Mundial e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.
O levantamento mostra também que na América Latina e Caribe havia 47 milhões de pessoas subnutridas entre os anos de 2005 e 2007, número que deverá estar em 27 milhões em 2030 com as atuais políticas na área. O percentual passaria de 8,4% para 4%. No mundo, os últimos dados apontam a existência de 949 milhões de subnutridos, número que estaria em 653 milhões de pessoas daqui a 15 anos, sem a adoção de novas políticas.
A maioria das pessoas subnutridas do mundo, 829 milhões, estava concentrada em 60 países há dez anos. Os demais 120 milhões estavam em outras 50 nações pesquisadas. A FAO afirma ainda, no relatório, que quase todos os que vivem nestas condições, 920 milhões do total, moravam em países de baixa e média renda, principalmente nas regiões da África Subsaariana, Oriente Médio e Norte da África, América Latina e Caribe, Sul da Ásia e no Leste Asiático.
O cenário projetado para 2030 leva em conta que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça em média 2,4% ao ano até lá. Ele também prevê crescimento das populações e dos investimentos nos países. Só esse aumento do PIB já deve elevar dieta média das populações, fazendo o número de subnutridos diminuírem. Mas isso não é o suficiente para eliminar a fome.
A FAO estima que é possível acabar com a fome no mundo até 2030, com investimentos de 239 bilhões de euros por ano. "A mensagem do relatório é clara: se mantivermos o estado atual, teremos em 2030 mais de 650 milhões de pessoas sofrendo com a fome", disse José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, ao apresentar o relatório em Roma. O valor significa US$ 267 bilhões por ano durante os próximos 15 anos. Seriam 143 euros, ou US$ 160 por ano por pessoa que vive na pobreza.
O levantamento apresenta propostas de investimento combinadas com medidas de proteção social, nos meios rural e urbano. A maioria dos investimentos cabe ao setor privado, mas acompanhados de recursos complementares do setor público em projetos de infraestruturas rurais, transportes, saúde e educação.
O relatório foi elaborado para a realização da 3ª Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, que ocorrerá de 13 a 16 de julho na Etiópia. A erradicação da fome até 2030 deve ser uma meta para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que serão aprovados em setembro deste ano na 70ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas e darão continuidade aos Objetivos do Milênio.


