Isaura Daniel
São Paulo – Os países árabes estão interessados em levar a marca brasileira Natura, líder em cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal no país, para o seu mercado. Desde que abriu uma loja em Paris, capital da França, em abril do ano passado, a empresa já recebeu pedidos de empresários de várias regiões do mundo, inclusive do mercado árabe, para fazer o mesmo em seus países, de acordo com a diretora de Internacionalização, Renata Ribeiro. A empresa, porém, segundo Renata, pretende primeiro reforçar a presença nos países em que já atua antes de partir para outras regiões.
A Natura começou recentemente um processo mais agressivo de entrada no exterior, com a ida para a França e o México no ano passado. Antes a empresa vendia para o Chile, o Peru, a Bolívia e a Argentina. O Chile, na verdade, foi o primeiro país a receber os produtos da empresa, há 24 anos. O faturamento da empresa com exportações ainda não é grande: cerca de 3% das receitas, que ficaram em R$ 4,5 bilhões no ano passado, segundo números divulgados ontem (03) pela executiva.
De acordo com Renata, a empresa começou a planejar a abertura das suas instalações na França em 2002, o que ocorreu em abril do ano passado. A loja, chamada Maison Natura, funciona como ponto de varejo e também como ponto de distribuição e encontro das consultoras, que são as pessoas que vendem os produtos da marca para o consumidor final. As vendas da Natura são feitas pelo sistema porta a porta. Já no México foi aberta a Casa Natura em agosto do ano passado. O ponto não faz vendas, porém, mas funciona como espaço para as consultoras e para transmissão do conceito da marca.
Biodiversidade
A Natura trabalha com um conceito socioambiental de negócios. A empresa, por exemplo, usa elementos da biodiversidade brasileira para desenvolver seus produtos de forma sustentável. Em função do seu modelo de vendas, diretas ou porta a porta, a empresa também gera renda e trabalho para várias vendedoras no Brasil, o que é um dos principais pilares da sua responsabilidade social. A empresa possui 519 mil consultores e consultoras no Brasil e no exterior.
A Natura aplica 3% da sua receita, segundo Renata, em inovação. São criados 180 novos produtos por ano, informou ela ontem em um seminário na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo. A empresa foi fundada em 1969, mas foi com o sistema de venda direta, adotado em 1974, que a empresa decolou. Pela venda direta são as chamadas consultoras, mulheres de várias classes sociais, que comercializam os produtos Natura em seu meio de convívio. Nos anos 80, a companhia cresceu mais de 30 vezes em faturamento. A entrada em novos países da América do Sul, além do Chile, ocorreu na década de 90.
No ano passado, a receita da empresa cresceu 27,7% sobre o ano anterior. A Natura fabricou 200 milhões de unidades de produtos. Atualmente, a empresa tem um centro integrado de pesquisa, produção e logística em São Paulo. A empresa também possui unidades comerciais e de distribuição em Itapecerica da Serra, interior paulista, Uberlândia e Matias Barbosa, em Minas Gerais. Em 2004, a empresa abriu seu capital e tem ações negociadas no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

