Emirates News Agency*
Dubai – O capital disponível para investimento nos países do Oriente Médio é de aproximadamente US$ 4 trilhões, de acordo com relatório da empresa de consultoria administrativa A.T Kearney, dos Estados Unidos.
Os fundos soberanos são responsáveis por grande parte desse alto poder de investimento. Os ativos gerenciados por essas instituições cresceram 18% de 2006 para 2007, em escala global, e chegaram a US$ 3,3 trilhões. Os fundos do Oriente Médio representam 50% do total.
O volume de recursos desses fundos na região deve chegar a US$ 5 trilhões em 2010, de acordo com projeções da A.T Kearney. Em 2015, o valor deverá estar entre US$ 10 trilhões e US$ 15 trilhões. O forte crescimento é impulsionado pela expansão das receitas petrolíferas e das reservas internacionais em alguns países asiáticos.
Os fundos têm como objetivo proteger o orçamento e a economia do país contra a volatilidade e ajudar na diversificação econômica, evitando a dependência excessiva das exportações de commodities como o petróleo.
Diante do rápido crescimento dos ativos, os fundos soberanos estão sob pressão para investir e modificaram sua estratégia de investimento. Antes, os países convertiam seu superávit em ativos financeiros de baixo risco: a China, por exemplo, adquiria títulos do governo dos Estados Unidos, contribuindo assim para o consumo na América do Norte.
Agora os fundos estão preferindo investir em participações em empresas privadas, que geram receitas mais altas. Além disso, investindo nesse tipo de empresa, os fundos obtêm acesso a know-how industrial estratégico, o que lhes permite colaborar para a expansão das economias de seus países de origem.
Maior do mundo
O Departamento de Investimentos de Abu Dhabi (ADIA), dos Emirados Árabes Unidos, maior fundo soberano do mundo, é um exemplo dessa tendência. O fundo tem mostrado preferência por investimentos em ações de companhias privadas.
Essa nova maneira de investir está gerando preocupações com relação à influência política que esses fundos e os investidores de países em desenvolvimento podem adquirir. Um exemplo foi a reação crítica ao anúncio da operadora de portos Dubai Ports World, dos Emirados, de que pretendia comprar direitos de operação de diversos portos nos Estados Unidos, por meio da aquisição da companhia britânica Peninsula and Oriental (P&O).
A CNOOC, companhia chinesa do setor de energia, também foi criticada ao anunciar sua intenção de adquirir a petrolífera Union Oil Company of California (Unocal), dos Estados Unidos.
Organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para o Desenvolvimento e a Cooperação Econômica (OECD) estão adotando medidas para prevenir a discriminação contra os fundos soberanos. Um exemplo é o aumento progressivo do limite para investimento estrangeiro. Por outro lado, os organismos reguladores internacionais começam a exigir maior transparência nos processos de investimento desses fundos.
Efeitos benéficos
Os fundos soberanos também podem representar uma oportunidade para os países desenvolvidos em caso de desaceleração econômica. "No curto prazo, os fundos soberanos podem ajudar a reduzir uma eventual crise de liquidez. No longo prazo, serão parceiros importantes das companhias ocidentais, apoiando seu crescimento e financiando inovações", disse Cyril Garbois, especialista em fundos soberanos da A.T. Kearney em Dubai.
No início deste ano, fundos da Ásia e do Oriente Médio injetaram bilhões de dólares em instituições financeiras em crise, contribuindo assim para manter a estabilidade do sistema financeiro mundial.
A força crescente dos fundos soberanos e do investimento em companhias privadas no Oriente Médio representa também uma oportunidade de crescimento para a economia das regiões que recebem esse capital. O relatório da A.T. Kearney mostra que os investimentos de fundos soberanos e a compra de participações em empresas privadas geram empregos. "Mais de um milhão de empregos foram criados por meio de investimentos em participações na Europa nos últimos quatro anos", afirmou Dirk Buchta, diretor administrativo da A.T. Kearney para o Oriente Médio.
O relatório indica também que companhias financiadas por fundos soberanos e investimentos privados crescem mais rapidamente do que aquelas financiadas pelas vias tradicionais. As companhias privadas que recebem esse tipo de investimento são, em geral, de médio porte e a maioria delas já foi do tipo familiar, o que existe em grande número no Oriente Médio. Com recursos injetados por fundos e companhias privadas, essas empresas costumam investir pesado em pesquisa e desenvolvimento e se internacionalizam.
"Com US$ 4 trilhões disponíveis para investimento no Oriente Médio e fundos soberanos saudáveis, a perspectiva de desenvolvimento econômico na região é muito positiva", disse Alexander von Pock, gerente de serviços financeiros da A.T. Kearney para o Oriente Médio.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum