São Paulo – As exportações das 64 empresas associadas ao Projeto Organics Brasil cresceram 176% em 2008, totalizando US$ 58 milhões, contra os US$ 21 milhões em 2007. Elas chegaram a 70 destinos diferentes. Leste Europeu, Canadá, Estados Unidos e Oriente Médio foram apontados como os principais destinos dos orgânicos exportados pelo grupo no período.
“Não temos números oficiais sobre o quanto cada região comprou. Nossas informações são baseadas em dados fornecidos pelas certificadoras”, explica Ming Liu, coordenador executivo do projeto. “No ano passado participei de duas feiras no mercado árabe e observei que, principalmente em Dubai, os maiores consumidores de orgânicos são os expatriados que vivem no emirado”, contou. “Outra característica da região é procurar por produtos acabados, o que é bom, pois agrega valor à exportação”, comentou.
Os produtos mais embarcados para a região são café e açúcar. Nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, a principal empresa importadora de orgânicos é a Organic Foods & Café, que distribui os produtos para grandes redes de supermercados e também vende diretamente ao consumidor em loja própria.
Hoje o Brasil ocupa a terceira colocação mundial em área certificada para orgânicos, com 1,8 milhões de hectares, segundo dados da International Federation of Organic Agriculture Movements (Ifoam), atrás da Austrália e da Argentina. “Se considerar a área de extrativismo, salta para 6 milhões de hectares”, observou Liu.
De acordo com o coordenador, as perspectivas para 2009 continuam positivas, apesar do desaquecimento da economia mundial. “O Brasil é mais do que apenas um produtor agrícola e extrativista de orgânicos. O país também é um fornecedor de produtos de alto valor agregado, processados e industrializados, e que se diferencia pelo conceito de sustentabilidade de comunidades étnicas e de cooperativas”, destacou. “A percepção das empresas é otimista, pois a demanda mundial continua forte. O grande questionamento do ano serão os preços”, afirmou. “É bem difícil estimar qual será o resultado das vendas externas em 2009, mas eu arriscaria algo em torno de US$ 60 milhões”, disse.
Segundo Liu, os produtos orgânicos dão uma lição ao mercado mundial, ao buscar novas chances de comercialização em meio à crise. “A única forma de superarmos o problema é enfrentando ele com ações reais. Os orgânicos têm força e, com certeza, sairão desse cenário com mais espaço e credibilidade. A participação nas feiras é muito importante para encontrarmos novas formas de unir os compradores internacionais aos produtores brasileiros, e ampliar nossa participação no mercado”, disse Liu.
Para continuar garantindo a sua fatia no mercado mundial de orgânicos, o projeto vai levar 32 empresas para a Biofach, em Nurembergh, na Alemanha, de 19 a 22 de fevereiro. Pela primeira vez o Brasil vai ocupar cinco estandes do Pavilhão Vivaness, destinado exclusivamente aos cosméticos. A edição deste ano da feira deve reunir 1.200 expositores de 116 países.
Em março, mais precisamente entre os dias 05 e 08, cinco produtoras brasileiras de orgânicos participam da Expo West, outra importante feira do setor que ocorre na Califórnia, Estados Unidos. A feira contará esse ano com três mil expositores e a expectativa é de receber mais 50 mil visitantes.
O projeto
O Organics Brasil surgiu para promover os produtos orgânicos brasileiros no mercado internacional, reunindo empresas e produtores numa marca única. Resultado de uma ação conjunta do Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD), da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Desde o início deste ano, seis novas empresas se uniram ao projeto. Agora são 70 empresas associadas, do extrativismo ao pequeno produtor rural; de indústrias às empresas de comércio exterior. Os produtos que mais se destacam são bebidas; ingredientes de base para cosméticos; insumos e ingredientes amazônicos (andiroba) e exóticos (camu-camu, cupuaçu); frutas (açaí, guaraná, uva e abacaxi); legumes; e carne bovina. E os mecanismos de certificação e rastreabilidade habilitam o país a ampliar sua base de exportação.

