Abu Dhabi – Uma volta pelos corredores da Sial Middle East, em Abu Dhabi, mostra que os países árabes do Golfo não são apenas importadores de alimentos, mas também produzem uma gama variada deles. Apesar de não terem a terra vermelha em seus territórios, e sim deserto e areia por todos os lados, eles levam adiante produções de tâmaras, de leites de vaca e camela, legumes, verduras, carne de frango, mel, e de alimentos industrializados feitos com matérias-primas locais ou compradas no exterior.
As tâmaras são as rainhas da agricultura nos países árabes do Golfo. O clima árido local é o que as tamareiras precisam para se desenvolver e dar frutos. Por isso, nos estandes sauditas da Sial Middle East se vê uma vastidão de marcas de tâmaras com requintadas embalagens. Elas também estão em estandes dos Emirados Árabes Unidos, do Bahrein, do Kuwait e de Omã. Esses são os cinco países do Golfo com participação como expositores na feira de Abu Dhabi, segundo lista divulgada no site da mostra.
No pavilhão da Arábia Saudita, o sorridente Nabil Al-Mramhi se surpreende quando é questionado se exporta suas tâmaras para o Brasil. CEO da Oasis Lina, ele conta que vende no exterior sim, mas para Austrália, França, Alemanha, Inglaterra, África do Sul, Tunísia, em uma lista de quase 15 países. Quer exportar mais e, inclusive, depois da conversa, afirma que tem interesse de atender o mercado brasileiro.
A Oasis Lina ressalta a qualidade da tâmara saudita e não se limita a passar ao mercado o fruto da tamareira. Faz com as tâmaras recheio para o mamul (doce árabe feito com massa de semolina), também fornece as frutas cobertas de chocolate branco e preto, com caramelo, coco, amêndoas, mel, em pasta e em outras receitas. Tudo em embalagens sofisticadas e bonitas, como pede o estilo saudita.
Em outro estande da Sial Middle East, não muito longe de Nabil, está Abdullah Al-Halwaji, gerente-geral assistente da Al-Wattan Sweets, do Kuwait, vendendo alimentos fabricados pela empresa da família. A estrela é o tahine, pasta de sementes de gergelim. Abdullah mostra a foto do gergelim e diz que ele cresce bem em seu país. O tahine ganha mercado sob várias formas pela Al-Wattan Sweets, desde puro até misturado com pistache ou chocolate – em tamanhos e embalagens diversas.
A Al-Wattan produz mais alimentos, como doces e torradas. O trigo com a qual são feitas as torradas é importado de países como Rússia e Ucrânia, conta Abdullah. O clima quente do deserto do Kuwait não é apropriado para a cultura. A empresa vende no mercado interno do Kuwait e exporta para os Emirados. Quer exportar para o Brasil? Sim. Na feira, Abdullah recebeu consultas de alguns países sobre importações.
O Bahrein, quem diria, vende água – não qualquer água. Com véu lilás na cabeça, a executiva de Recursos Humanos da empresa Aljaser, Hanan Aljaser (foto acima), explica que aquelas expostas ali no estande são garrafas de água com anis, água com camomila, com rosas, com hortelã, canela e uma infinidade de gostos, a maioria ervas. Hanan conta que as águas de ervas são boas para a saúde e que a empresa as exporta para Omã, Kuwait e Emirados. A água com canela parece um drink, de gosto marcante, mas sem álcool.
E os árabes ainda produzem carne de frango, lácteos, legumes e verduras. É o que uma grande empresa dos Emirados, a Aldahra, faz. A companhia tem operações em vários países, comercializa e processa uma série de alimentos, mas os citados acima estão entre os que saem dos próprios Emirados. Mohammad Qarqash, executivo de vendas da Aldahra, mostra a banca de legumes e verduras montada na Sial Middle East. Tem pimentão, berinjela, tomate, hortelã, alface, pepino, etc. Tudo fresquinho e cultivado nos Emirados Árabes Unidos.
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Uma passada de vista pelo estande da Al Ain Farms na feira de Abu Dhabi deixa a impressão que há por trás de todos os produtos e marcas apresentados ali uma área rural riquíssima. E há. Para vender leites de camela e de vaca, carne de frango, sucos, iogurtes, ovos e outros produtos da roça, a Al Ain mantém em funcionamento quatro fábricas e duas fazendas, em um negócio que gera mais de dois mil empregos. O gerente de vendas, John Bourke, mostra orgulhoso um produto muito exportado pela Al Ain, o leite em pó de camela, que vai para países como Japão, Malásia, China, Hong Kong, Estados Unidos e Rússia. O Brasil compra? Falante e animado, Bourke responde que não. Ele quer vender para o mercado brasileiro, mas precisa de um comprador no País.