Empresas brasileiras que desejam lucrar no mundo árabe precisam adaptar seus produtos e sua comunicação ao mercado e respeitar os métodos de negociação. Estas foram algumas das conclusões apresentadas pelo vice-presidente de Marketing da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, na palestra “A presença do marketing brasileiro no mercado árabe”, realizada nesta sexta-feira (28), em Campinas, durante o seminário “O Brasil árabe”, organizado pelo Sesc em parceria com o Instituto Jerusalém do Brasil.
De acordo com Hannun, os 22 países do Oriente Médio e Norte da África que formam a comunidade árabe apresentam grandes oportunidades de negócios para as empresas. No entanto, são também desafios. Entre os atrativos da região estão crescimento do mercado consumidor e uma grande população jovem que não se importa de comprar produtos de marcas estrangeiras, desde que respeitem seus valores. A distância entre o Brasil e os países árabes, o fuso horário, a diferença de legislação, as diferenças culturais e até os dias da semana precisam ser considerados em um plano de negócios para a região.
Nada disso, porém, impede que se obtenha sucesso na região. De acordo com Hannun, há empresas multinacionais que investiram no mercado árabe há muitos anos e hoje colhem os bons resultados desta empreitada. É o caso de redes de fast food, como as norte-americanas Subway e McDonald’s.
“O [sanduíche] McArabia é feito com ingredientes locais, como o pão árabe e é muito bem aceito em países como o Marrocos e a Arábia Saudita”, disse. A fabricante de artigos de luxo Louis Vuitton, a Apple e a Coca-Cola também são exemplos de companhias que adaptaram sua comunicação e seus produtos para conquistar a clientela árabe. O Brasil também tem um caso de sucesso na região. “A Sadia foi para o mercado árabe quando passava por dificuldades aqui. Quando as coisas melhoraram no Brasil ela não desistiu dos árabes e sua presença tem crescido na região”, disse o vice-presidente da Câmara Árabe.
Outra “dica” para o sucesso, disse Hannun, é apostar nos jovens e na sazonalidade do mercado árabe. Nos meses do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, muitas empresas criam ações de marketing específicas para a data. Nesta época, diz Hannun, as empresas investem até 20% a mais em publicidade. “Se uma empresa deseja investir em um país árabe, é preciso fazer um estudo e tomar cuidado. Caso contrário, corre o risco de perder dinheiro”, afirmou.
Diplomacia
Nesta sexta-feira, houve também a palestra “A diplomacia brasileira na construção da paz no Oriente Médio”, apresentada pelo diretor do departamento do Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Martins Ceglia. Ele afirmou que papel do Brasil na região é fundamental e defendeu as atuações do País na busca por mediação de conflitos. “Está na Constituição Federal do Brasil que nosso país defende a não agressão aliada à intervenção diplomática”, disse.
O diplomata disse que participar do seminário foi uma oportunidade importante para mostrar às pessoas a forma como a diplomacia brasileira se posiciona em diversas questões. À ANBA, Ceglia disse que a realização de seminários como este é uma chance de apresentar à população a riqueza da cultura árabe.
Ainda nesta sexta-feira, o cônsul da Síria em São Paulo, Ghassan Obeid, apresentou uma palestra sobre a situação política na Síria. O seminário teve também uma palestra do diretor cultural da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Ali Hussein El Zoghbi, e outra do encarregado de negócios da embaixada da Palestina no País, Salah Elqatta.
O seminário “O Brasil árabe” ainda conta com oficinas, apresentações musicais da cultura árabe e uma exposição com artigos de decoração árabes e roupas típicas. A participação nos eventos, que terminam no domingo (30), é gratuita.
Serviço
O Brasil árabe
Sesc Campinas – Rua Dom Jose I, 270/333, Bonfim
Telefone: (19) 3737-1500
A programação completa está no site: http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/busca.cfm?conjunto_id=10202
FONTE: www.anba.com.br