Paris – Famoso por seu acervo e pela quantidade de visitantes que recebe todos os anos, pois são mais de sete milhões, o Museu do Louvre, em Paris, tem uma ala reservada apenas para arte islâmica. Inaugurada em 2012, fica em um dos pátios internos do prédio. A coleção tem mais de 14 mil objetos, alguns não expostos. Grande parte das peças que retratam a expressão artística do Islã, porém, pode ser apreciada pelo público.
Nesta seção tudo é arte, a partir da cobertura projetada em 2008 pelos arquitetos Mario Bellini e Rudy Ricciotti. Seu desenho ondulado foi inspirado nos véus islâmicos e também nas dunas dos desertos. Esta cobertura permite a entrada de luz natural sobre os objetos encontrados a partir do século 7 d.C. em uma área que compreende Europa, Norte da África, Sudeste Asiático e Ásia Central, regiões ocupadas pelos califados após a morte do profeta Maomé, em 632.
Na mostra é possível acompanhar a evolução da arte islâmica. Primeiro, representada através de esculturas em pedras, sejam elas de manuscritos islâmicos ou desenhos de animais e plantas. Depois, os desenhos ganharam novas superfícies, como a cerâmica e o vidro, e passaram a ostentar cores em jarros, vasos e pratos. Baixos relevos em marfim, retalhos em madeira e esculturas em metal são manifestações artísticas do islã expostas no Louvre.
Os subsolos são dedicados a outra famosa forma de expressão artística do Islã: a tapeçaria. Tapetes com mais de quatro metros de comprimento não são raros ali. Neles se destacam os desenhos florais e de animais.
Um dos destaques da mostra é um cofre confeccionado durante a dinastia omíada da Andaluzia no ano 966. Não se sabe se foi feito por artesão da própria dinastia ou se seria um presente doado aos omíadas. Mas trata-se, segundo o Louvre, de um presente a uma pessoa importante na hierarquia. Suas escrituras referem-se à benção divina e ao ano em que foi feito.
Quando a nova ala foi inaugurada, o Louvre afirmou que aquela era uma oportunidade de aproximar o museu da comunidade islâmica, pois seu acervo não é formado apenas por arte ocidental ou europeia, e o Louvre, portanto, não é apenas europeu. O museu tem se aproximado do mundo muçulmano. No fim deste ano, uma filial deverá ser inaugurada na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi.
A construção desta ala teve o apoio das famílias reais do Marrocos, Kuwait, Omã e da República do Azerbaijão, país de maioria muçulmana que não é árabe. A principal doadora foi a fundação Alwaleed Bin Talal, do príncipe e bilionário saudita Alwaleed Bin Talal Al Saud.


