São Paulo – Com os preços lá em cima, a ordem é investir para produzir mais. Entre as empresas que exploram ouro no Brasil, a tendência é acelerar os projetos e aumentar os ganhos com o minério. Para os próximos cinco anos estão previstos US$ 2,4 bilhões em projetos a serem colocados em prática pelas companhias que trabalham com o mais nobre dos metais no País. A informação é do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que aponta, em seus levantamentos, boas perspectivas para o ouro brasileiro. Principalmente no cenário externo, tendo os Emirados Árabes Unidos entre os quatro principais compradores internacionais.
De acordo com o gerente de Dados Econômicos do Ibram, Antonio Lannes, o preço do ouro teve um aumento de 35% do ano passado para cá, chegando hoje a US$ 1,5 mil a onça. “Em 2007, para se ter uma ideia, o preço era de US$ 800 a onça”, explica Lannes. “Ou seja, quase 90% de elevação”, diz. Por isso o interesse das empresas em ampliar seus projetos de investimento nos próximos cinco anos.
A maior valorização do minério, conforme Lannes, está ligada ao aumento da demanda, por sua vez motivada pela desvalorização do dólar. “O ouro passou a ser uma alternativa de investimento”, diz. “Hoje, existem até máquinas de autosserviço que vendem ouro”, afirma.
Isso para não falar de usos diversos, como a aplicação de ouro na composição de determinados aparelhos eletrônicos, como os laptops. “O ouro é um metal que pode ser transformado em pequenas folhas sem quebrar”, diz Lannes. “No Japão, por exemplo, os equipamentos do tipo são sempre abertos para a retirada do ouro antes de seguirem para reciclagem”, afirma.
Ou do emprego pela indústria de jóias. É para esse fim, aliás, que os compradores dos Emirados mais procuram o ouro brasileiro. “Pela quantidade adquirida, que foi de quatro toneladas em 2010, podemos apontar que o uso é mais para a atividade joalheira”, diz Lannes.
No ranking geral, os Emirados ficaram em terceiro lugar entre os maiores clientes do ouro nacional, com 12% do total exportado. Os dois primeiros foram o Reino Unido, com 45%, e a Suíça, com 32%. Esse ano, diz Lannes, a posição deve cair um pouco, com os Emirados encerrando o período na quarta posição.
Ranking mundial
O Brasil é o décimo segundo maior produtor de ouro no mundo, com 61 toneladas em 2010. A China é a primeira em produção, com 300 toneladas, seguida pela Austrália e pela África do Sul. “Com a demanda alta assim, devemos chegar a 94 toneladas produzidas em 2015”, afirma Lannes.
Das 61 toneladas de 2010, o país exportou 46 toneladas, o que significou negócios de quase US$ 2 bilhões.