Cláudia Abreu
São Paulo – O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo, são cerca de 195 milhões de cabeças de gado. É o país que mais exportou carnes – em volume – no ano passado. Foram 1,1 milhão de toneladas. E os números favorecem um outro setor da cadeia da carne: o de gelatina feita de couro bovino. "O Brasil é o maior celeiro de gelatina do mundo", afirma Paulo Reimann, presidente da Gelita para a América do Sul.
O mercado global de gelatina movimenta cerca de US$ 3 bilhões por ano, o consumo mundial é estimado de 250 mil toneladas. A Gelita é a principal fabricante do produto, são cerca de 85 mil toneladas produzidas em vários países por ano. Desse volume, 20 mil toneladas são feitas no Brasil. São cerca de 18 mil toneladas de couros de boi que anualmente se transformam em gelatina. No total, a produção brasileira de gelatina é de 25 mil toneladas.
A maior parte – 80% – da produção da Gelita é destinada à exportação. Europa e Estados Unidos são os principais compradores, mas os países árabes começam a aparecer no ranking da Gelita. Segundo Reimann, as primeiras vendas aos árabes foram feitas em 2003. "Atualmente são enviados entre dois e três contêineres – cerca de 50 toneladas – por mês para a região", afirma. A Arábia Saudita é o principal comprador.
O produto
A produção de gelatina é obtida a partir de materiais que tenham alto teor de colágeno, como pele bovina e suína e ossos de boi. A matéria-prima é retirada exclusivamente de animais aprovados para o consumo humano por autoridades veterinárias. No caso do boi, após o abate, as peles são enviadas às fábricas processadoras. Lá, são lavadas para a remoção dos pêlos e cortadas em três camadas. A parte intermediária é usada para a produção de gelatina.
Como uma parte do processo – a extração do couro – é feita fora da empresa, a Gelita firmou parcerias com curtumes do país. "Orientamos o pessoal sobre higiene, estocagem e processamento das peles", afirma Reimann. Segundo ele, a garantia de acesso ao mercado externo está veiculada às certificações sanitárias de todos os pontos da cadeia produtiva – do local onde a matéria-prima foi gerada até a chegada à fábrica.
Halal
O produto exportado aos árabes é sempre extraído de couro bovino. A Gelita também implantou a produção halal (que segue as normas islâmicas). "Temos muito interesse em ampliar as vendas no mercado árabe, que são economias em ascensão", afirma Reimann. Segundo o executivo, a indústria tem capacidade de aumentar significativamente a produção halal para atender as necessidades dos árabes.
Usos
Até agora, a gelatina vendida aos árabes é exclusivamente para o uso alimentício, em receitas. No entanto, a Gelita tem uma linha de 250 tipos diferentes do produto. A indústria farmacêutica, por exemplo, utiliza muito gelatina na fabricação de cápsulas de remédios.
O setor de cosméticos também aproveita o produto para fazer cremes hidratantes para pele, cabelo e óleos de banho. Outro segmento que utiliza a gelatina é o de fotografia. A chamada gelatina fotográfica é usada nos revestimentos dos filmes, inclusive para uso de diagnósticos médicos.
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