São Paulo – A diversidade de realidades nos países árabes torna a região um lugar propício para diferentes modelos de negócios de startups. Uma visão sobre esse mercado foi dada a brasileiros nesta quarta-feira (03) no webinar “Ecossistemas de Inovação no Mundo Árabe”. O evento lançou a missão CCAB Lab, pela qual a Câmara de Comércio Árabe Brasileira levará startups e empresas de tecnologia brasileiras aos Emirados Árabes Unidos e Catar de 2 e 7 de outubro. Inscrições estão abertas.
“Você pode montar um banco online que dá microcrédito, microfinanciamento para empreendedores, para a população não bancarizada, mas você consegue também criar crypto exchange para que gente muito rica consiga operar com criptomoedas, então, é um ecossistema bastante diverso”, disse Jamil Diab (foto acima), empreendedor residente da grubtech, exemplificando negócios para startups em países árabes em função da diversidade das populações. “Embora existam semelhanças, há também diferenças. É uma região conectada, mas também fragmentada e as situações variam de país para país”.
A grubtech é uma startup dos Emirados que fornece tecnologia para food service. Diab atua com startups há dez anos e um dos seus focos é promover o empreendedorismo em países emergentes. Ele disse que vê a parceria entre Brasil e o Oriente Médio em startups como altamente estratégica e interessante pois os dois lados são emergentes. “Nos diferentes cargos que ocupei percebi que as coisas que funcionam nos mercados desenvolvidos nem sempre funcionam nos emergentes, precisam ser adaptadas”, disse. O especialista elogiou o empreendedorismo brasileiro, o chamando de modelo de sucesso.
No webinar, houve apresentação sobre incentivos a negócios de estrangeiros nos países que serão visitados pela missão. Abdulla Al-Emadi, oficial de Relações com Investidores da Invest Qatar, agência de fomento a investimentos do Catar, deu panorama do que o país oferece na área. Ele contou que a Invest Qatar opera entre o investidor e as entidades locais, como plataformas de licenciamento, instituições governamentais e semigovernamentais, ministérios e empresas privadas, para viabilizar a instalação dos negócios internacionais no país.
“O Catar é centro de um raio de três mil quilômetros, que inclui 2 bilhões de pessoas e PIB de US$ 6 trilhões. O Catar está numa posição estratégica para acesso às principais regiões econômicas do mundo. Qualquer país que quer sustentar os investimentos estrangeiros, precisa criar um ecossistema de negócios que apoia isso e foi o que o Catar fez”, disse Al-Emadi. O Catar tem o quarto maior PIB per capita do mundo e deve crescer 4% este ano, segundo estimativas.
O diretor Associado de Programas na Sheraa, Abdelrazak Al Sharif, falou sobre as oportunidades nos Emirados Árabes Unidos e em Sharjah, emirado que faz parte do país. A Sheraa é um centro de empreendedorismo de Sharjah. Ele disse que um dos destaques da economia de Sharjah é o foco em pequenas e médias empresas (PMEs) e startups. Segundo Al Sharif, o emirado tem mais de 60 mil PMEs e vem recebendo incentivos dos governos federal e local para promover os investimentos por meio de startups e empreendedores.
Sharjah tem um custo de vida mais baixo do que Dubai e Abu Dhabi, boa qualidade de vida e recebe muitos eventos mundiais, segundo Al Sharif. Ele citou como setores com potencial para investimentos cultura e turismo, mobilidade e logística, saúde e bem-estar, tecnologia voltada ao agronegócio, tecnologias verdes, inovação e recursos humanos, e manufatura avançada. A Sheraa já apoiou mais de 150 startups, que captaram mais de US$ 130 milhões, segundo o diretor. “Ajudamos as empresas a começarem aqui”, disse.
Missão para startups
Além do panorama sobre o que startups podem encontrar nos países árabes, os brasileiros também receberam informações a respeito da missão que a Câmara Árabe vai realizar. A líder de consultoria internacional e do hub de inovação da instituição, Karen Mizuta, disse que a missão proporcionará a imersão das startups e empresas de base tecnológica em dois grandes ecossistemas, que são Emirados Árabes Unidos e Catar, vistos com grande potencial na área.
Os grandes focos da missão serão o desenvolvimento de mindset de inovação árabe, oportunidades de negócios e networking internacional. Os objetivos são desenvolver capacidades das empresas e incentivar a internacionalização, promover benchmarking com tendências e inovações, verificação in loco de adesão ao mercado-alvo e da solução proposta pela startup, entendimento da legislação e regulamentação para soft landing neste setor, promover o networking para troca de expertise, além de conhecer o ecossistema através de visita a parques tecnológicos, incubadoras e aceleradoras.
A agenda começa antes da viagem, com atividades preparatórias como um bootcamp online, e seguirá nos países, tendo continuidade na volta ao Brasil. No Catar e Emirados, a programação inclui treinamento, visitas e conversas com importantes players da inovação, além de Demo Day em cada país visitado, nos quais as empresas poderão apresentar seus negócios, receber feedbacks e conversar com investidores. A missão se encerra um pouco antes da feira de tecnologia Gitex Global, que ocorre de 10 a 14 de outubro em Dubai, para que as empresas interessadas possam participar da mostra.
A missão é promovida pela Câmara Árabe e CCAB Lab, com apoio da plataforma de tecnologia a instituição, a Ellos, do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e o Espaço Impulso. Abrindo o evento, a diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara Árabe, Silvana Gomes, contou que o CCAB Lab foi criado para estimular a internacionalização dos ecossistemas de inovação dos países árabes e brasileiros, promover as trocas de experiências e o conhecimento entre eles, além de criar intenso networking para negócios em tecnologia. A gerente de Marketing da Câmara Árabe, Marina Sarruf, foi a mediadora do webinar.
No encerramento do evento, secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour, relatou que a inovação vem sendo trabalhada na entidade por meio do CCAB Lab há mais de dois anos. Segundo Mansour, a ideia começou na pandemia, quando a Câmara Árabe foi a primeira do mundo a adaptar suas atividades para o modelo virtual, com webinars. “Entramos de cabeça para inovar dentro da Câmara Árabe”, disse ele. A instituição também desenvolveu a plataforma Ellos, com uma série de possibilidades tecnológicas e virtuais voltadas ao comércio exterior. Uma das vertentes é o uso do blockchain para passar os processos da exportação do papel para o virtual.
Serviço:
Missão CCAB Lab 2022
De 2 a 7 de outubro
Inscrições aqui