Isaura Daniel
São Paulo – Os representantes de países árabes presentes ontem (14) na abertura oficial dos debates da 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) reafirmaram o seu apoio aos acordos de livre comércio. "Cooperação e parceria são a estrutura básica do desenvolvimento. A Unctad deve criar o ambiente necessário para facilitar esta cooperação", disse o enviado especial do Reino de Bahrein, o xeque Salman Bin Khalifa Al-Khalifa.
O xeque disse que o seu país adota o princípio de mercado aberto como filosofia de desenvolvimento. Al-Khalifa citou uma série de avanços que a nação vem obtendo como parte da integração ao processo mundial de globalização. "Hoje, no Bahrein, as mulheres contribuem com 30% dos novos negócios", disse o xeque. Ele citou ainda programas adotados nas áreas de saúde, educação e tecnologia que estão permitindo o crescimento do país.
De acordo com o xeque, o Produto Interno Bruto (PIB) do Bahrein evoluiu 27% entre 1999 e 2002, metade disto impulsionado pelos serviços, principalmente da área de tecnologia da informação. "Não estamos intimidados com a globalização", disse.
Como a maioria dos ministros que se pronunciaram no debate, porém, Al-Khalifa defendeu o fim dos subsídios agrícolas por parte dos países ricos.
Ajuda para eliminar as dívidas
Além do enviado do Bahrein, outros dois ministros de países árabes falaram na Conferência. O ministro de Comércio Exterior do Marrocos, Mustapha Mechahouri, fez dois pedidos importantes. "Há emergência em encontrar soluções para as dívidas dos países em desenvolvimento", disse Mechahouri para a platéia de chanceleres.
Ele solicitou também a volta da prestação de apoio técnico por parte da Unctad aos países mais pobres, principalmente da África, um serviço que, segundo ele, o organismo oferecia, mas foi interrompido. A Unctad chegou, de fato, a ajudar países africanos a formularem questionamentos de comércio na OMC.
O ministro da Indústria e Comércio do Kuwait, Abdullah Abdal Rahman Al-Tawell, falou da importância dos países ricos derrubarem suas barreiras para que o comércio com as nações menos desenvolvidas possa avançar. "Esperamos que os países desenvolvidos eliminem barreiras tarifárias e não-tarifárias, que abram os seus mercados para nossas exportações e evitem regras fitossanitárias que não são justas", disse.
Al-Tawell também falou dos atrativos do seu país para os investidores estrangeiros. Ele afirmou que o Kuwait possui leis que asseguram a propriedade intellectual e legislação impedindo confisco, o que o torna um local seguro para investimentos. "As empresas podem ter até cem por cento de capital estrangeiro", acrescentou. O ministro disse esperar que a Unctad ajude a acelerar o desenvolvimento dos países menos ricos.

