São Paulo – As diversificações da economia que os países do Golfo estão promovendo para depender menos do petróleo gera oportunidades em diversos segmentos. Um deles é o de construção civil, afirmou nesta quarta-feira (13) a head de Consultoria Internacional da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Karen Mizuta, no seminário “Explorando Oportunidades no Setor de Construção Civil nos Emirados Árabes Unidos”. O evento online foi organizado pelo projeto Think Plastic Brazil, uma iniciativa do Instituto Nacional do Plástico e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em uma agenda prévia à feira Big 5, a maior de construção na região, que será realizada entre 26 e 29 de novembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Em sua apresentação, Mizuta apresentou grandes projetos que estão sendo colocados em prática nos países árabes. Citou, por exemplo, investimentos de US$ 58 bilhões na construção da nova capital administrativa do Egito, Nova Cairo, os projetos da Arábia Saudita para realizar a Copa do Mundo de 2034, assim como outras iniciativas no país, a exemplo da cidade Neom e de ilhas com resorts do projeto Red Sea Global. Nos Emirados, outro país com grandes investimentos em construção, Mizuta mostrou projetos de construção de complexos imobiliários de alto luxo.
“Passa pela diversificação econômica o setor de construção civil, que gera empregos e coloca em foco setores que são importantes para a região, como o turismo, por exemplo, que atrai receitas a estes países. E, pensando no turismo, o que eles precisam construir para atender as demandas do setor”, disse Mizuta em referência à construção de hotéis, restaurantes e equipamentos de lazer. “A pauta de sustentabilidade também é muito importante para eles, passa por diversos setores, e construção não fica atrás, com o emprego de novos materiais e com o uso de energia renovável”, afirmou.
Oportunidades para empresas brasileiras nos países árabes
Mizuta apresentou, ainda, dados do setor, que deverá crescer 6,2% nos países árabes até 2027. No ano passado, os países árabes importaram US$ 76,1 bilhões em materiais do setor de construção civil, mas do Brasil, apenas US$ 83,7 milhões. “O Brasil exporta pouco para o setor para os árabes, o que mostra oportunidades de aumentar o nosso market share na região [em produtos de construção]”, disse.
A diversificação econômica também foi destacada como prioritária pelas nações do Golfo pelo chefe de promoção comercial da Embaixada do Brasil em Abu Dhabi, capital dos Emirados, Octavio Moreira Guimarães Lopes. “Eles têm a visão de se afastar do petróleo unindo [o desenvolvimento] de ciência e tecnologia”, afirmou.
Diretor de Conteúdo e Pesquisa para o Norte da África e Oriente Médio da Middle East Business Inteligence (Meed), Edward James afirmou que 2023 marcou uma forte retomada de concessões de projetos de construção nos países do Golfo, especificamente Arábia Saudita e Emirados.
Após dez anos de concessões abaixo de US$ 200 bilhões, esse valor ultrapassou essa marca em 2023, com US$ 253 bilhões de concessões de novas obras em construção civil, gás, indústria, energia e água, segmentos com mais investimentos do que o petróleo. James apresentou “giga” projetos aprovados na região, como a expansão do aeroporto Dubai World Central, em Dubai, e a construção da cidade saudita Neom e indicou às empresas brasileiras que elas têm grandes possibilidades de serem fornecedoras desses projetos, pois os países do Golfo não conseguem atender à demanda de produtos e serviços apenas por meio dos seus fornecedores locais.
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