Da redação
São Paulo – Os investimentos diretos estrangeiros de árabes em países de fora do Oriente Médio e Norte da África somaram entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões no ano passado, enquanto os recursos destinados aos países árabes ficaram em apenas US$ 10 milhões. As informações foram dadas por Mohammed Hmidouche, representante do Banco de Desenvolvimento Africano (ADB, na sigla em inglês), de acordo com a agência de notícias Arabic News.
Segundo o executivo, os investimentos árabes geralmente se concentram em bolsas de valores, imóveis e depósitos fixos em bancos. Para ele, "a mentalidade do árabe é mercantilista e não empreendedora". Durante discurso numa conferência sobre "investimentos, cultura e civilização", realizado na última semana, Hmidouche disse ainda que os investidores da região geralmente fazem negócios com corretoras de Londres, Genebra ou Nova York.
Na avaliação do representante do ADB, os investimentos intra-regionais árabes são baixos em razão dos "riscos políticos, da insegurança e do baixo volume do mercado", além do pouco desenvolvimento do setor privado local. Ele afirmou que as empresas privadas ainda estão baseadas em "relações tradicionais", como estruturas de comando familiares, monopólios e objetivos de curto prazo.
Ranking mundial
Apesar dessas características, os países árabes não foram os que mais sofreram com a queda das taxas mundiais de investimentos diretos estrangeiros no ano passado. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o Oriente Médio e o Norte da África receberam US$ 4,6 bilhões em recursos externos em 2002.
A região foi prejudicada, principalmente, pela performance de Marrocos, cuja entrada de investimentos despencou de mais de US$ 2,5 bilhões, em 2001, para cerca de US$ 400 milhões no ano passado.
Mas em Bahrein, por exemplo, houve um aumento de 168% no total de ingressos de recursos internacionais. O volume, porém, ainda é baixo: US$ 218 milhões. Esse, aliás, é considerado por analistas o maior problema da região.
Embora concentrem cerca de 5% da população mundial, os países recebem apenas 1% dos investimentos estrangeiros feitos mundialmente. Se a abertura econômica progredir, a expectativa é de que as taxas cresçam. Já no ano passado, Dubai, principal pólo dos Emirados Árabes, foi eleito pela ONU como um dos locais de potencial atração de recursos externos.
Em 2002, o fluxo global de investimentos diretos estrangeiros caiu 20%, para US$ 651 bilhões, o menor nível desde 1998. De acordo com as Nações Unidas, as principais razões do recuo foram a baixa atividade econômica e a pequena perspectiva de recuperação.
Os países mais afetados foram Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, México, Hong Kong, Canadá, Espanha, África do Sul e Brasil.