São Paulo – Os países árabes representam 40% das exportações de carne bovina brasileira, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (14), em São Paulo. Ele apresentou os resultados de 2017 e as perspectivas para o próximo ano no setor.
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Segundo estimativas da Abiec, as exportações de carne bovina brasileira fecharão este ano com alta de 13%, gerando um faturamento de US$ 6,2 bilhões e o embarque de 1,53 milhões de toneladas para 134 países. Os maiores compradores são Hong Kong, China e Rússia. O cenário para 2018 é otimista e prevê alta de 9,8% do volume total exportado, e crescimento de 10,5% no faturamento anual.
Em um ano que teve a operação Carne Fraca da Polícia Federal, em março, o setor sofreu uma queda no mês de abril, mas logo se recuperou e fecha o ano com crescimento. Na ação, a PF investigou suspeitas de irregularidades em frigoríficos.
Camardelli analisou as adversidades com um olhar positivo e afirmou que tais eventos fizeram com que o setor se modernizasse, ainda que forçosamente, e se atualizasse para uma série de exigências que a conjuntura atual demanda. “É delicado falar isso porque pode soar arrogante, mas o mundo não tem quem reponha a carne do Brasil”, declarou.
Entre os vinte mercados que mais importaram carne brasileira, sete são países árabes. O Egito figurou em 5º lugar, com US$ 479,5 milhões e queda de 11% no comparativo de janeiro a novembro de 2017 com o mesmo período de 2016. Nesse mesmo comparativo, a Arábia Saudita, nono lugar nas importações, comprou o equivalente a US$ 161 milhões, aumento de 63%.
Em 10º lugar, os Emirados Árabes Unidos compraram US$ 88,1 milhões, um aumento de 14%. A Jordânia aparece em 15º lugar, com US$ 44,5 milhões, um crescimento de 1,5%. A Argélia ficou em 16º lugar, com US$ 40,6 milhões, queda de 34,62%, e por fim, a Palestina, em 18º lugar, com US$ 25,1 milhões, se manteve estável em relação ao mesmo período do ano passado.
Camardelli fez uma análise sobre alguns países que apresentaram queda no período. “O Egito já está em retomada, eles tiveram um problema cambial e com a solução desse problema o governo deixa de intervir no processo comercial. Nós fizemos muitas vendas para o governo na época do Ramadã (maio/junho).”
“O Líbano teve uma queda pequena, e o que aconteceu com a Argélia foi que taxaram a carne congelada, o que inviabilizou a remessa, mas liberaram a carne resfriada, então de certa forma foi um processo interessante para nós, e a gente acha que volta ao normal ano que vem”, completou.
O presidente falou sobre perspectivas para o mundo árabe no setor. “Os árabes são hoje 40% da nossa exportação e queremos ampliar o tipo de produto ofertado, um perfil novo de consumo que é o incremento da carne resfriada, e tentar exportar menos carne congelada porque é muito mais rentável para a empresa, com um ciclo muito mais curto entre produção, venda e distribuição”, contou.
Outra preocupação crescente do setor é com o mercado halal (alimento permitido para o consumo islâmico). Estima-se que até 2020, um terço da população mundial seja muçulmana. O Brasil tem hoje 90% de seus frigoríficos habilitados para produzir carne halal e é o maior exportador de carne bovina para países islâmicos.
Camardelli disse ainda que a Abiec irá participar da feira Gulfood, em Dubai, em fevereiro do próximo ano. “A feira de Dubai se tornou indispensável para o setor”, concluiu.