Cairo – Produtores de petróleo do Golfo estão investindo em setores promissores egípcios, apesar da crise econômica e da baixa nos preços da commodity. Este foi o tema de uma matéria publicada na última edição do semanário econômico egípcio Al Ahram Iktissadi. Na reportagem, o ministro dos Investimentos do Egito, Mahmoud Mohieldine, ressalta a importância dessa contribuição para a economia egípcia. Segundo ele, o Golfo representa 35% do total de investimento externo que chega no país.
Para Mohieldine, a cooperação econômica e financeira entre o Egito e os países árabes é essencial para que os árabes possam enfrentar a crise econômica mundial, já que a região é vulnerável às variações dos preços da energia e está constantemente submetida a riscos geopolíticos. Por outro lado, a inflação e as flutuações das taxas de câmbio se acrescentam às dificuldades das economias do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC).
O analista macroeconômico do Banco de Investimentos EFG-Hermes, Patrick Gaffney, citando estimativas do Instituto MacKnisey, afirma que, mesmo que o preço do barril baixe até US$ 50, os países produtores de petróleo disporão ainda de excedente de renda. "A cooperação econômica e financeira entre o Egito e os países árabes tornou-se a única opção possível na região para enfrentar a crise econômica mundial", ressalta Gaffney.
Neste mesmo contexto, Nevine Al-Chafei, vice-presidente do Organismo Egípcio para o Investimento, citada por Iktissadi, revela que o governo egípcio está trabalhando para aumentar o número de projetos ligados à melhoria da infra-estrutura e tornar o clima mais propício aos investimentos. Segundo ela, o Egito conta hoje com 52 projetos de infra-estrutura e de serviços ligados à melhoria da qualidade, nos quais foram investidos US$ 25 bilhões.
O empresário saudita e presidente do Conselho de Negócios Egito-Saudita, Abdel-Mohsen Al Hokeir, consultado por Iktissadi, justificou, por sua vez, o crescimento dos lucros obtidos na vendas do petróleo pela alta nos preços do produto que durou até a metade de 2008, reforçando o poder econômico dos países do GCC. Al Hokeir assegura que a Arábia Saudita espera quadruplicar o valor de seus investimentos no Egito, que devem chegar a US$ 13 bilhões até o final de 2012.
O economista sênior do Conselho da União Árabe, Adel Khalil, ressaltou, entretanto, que os investidores dos países do Golfo começaram a se distanciar dos investimentos no setor imobiliário, para se dirigir a outras áreas mais rentáveis, como turismo, hotelaria, setor agroalimentar e logístico. Os investidores do Golfo também já marcaram sua presença no Egito nos setores de carburantes, finanças, tecnologia de informação e comunicação, assim como a área de serviços.
Com uma visão mais estratégica para os seus investimentos, os países do Golfo tiveram que aprender lições de suas dolorosas experiências conseqüentes da crise econômica internacional. "Por esta razão, a partir de agora, em vez de investir na compra dos papéis do tesouro norte-americano, eles começam a se dirigir aos setores econômicos de grande rendimento", comenta Khalil.
Al- Hokeir também declarou que está investindo mais de US$ 1 bilhão na criação de um complexo, que se transformará em um dos centros de lazer no bairro de 6 de Outubro, ao Leste do Cairo. Será um empreendimento comparável ao já existente Centro Comercial City Stars, em Nasr City, que é até agora o maior do Oriente Médio. "Um investimento neste setor tem seus rendimentos garantidos, sobretudo tendo em vista a perspectiva de um florescimento do mercado após o final da crise", comenta o próprio diretor do Centro Comercial City Stars, Elhami- Al-Kerdani.