São Paulo – Os países do Mediterrâneo estão dispostos a fazer parcerias entre eles para levar às suas economias inovação e tecnologia. Esse foi um dos temas abordados na 12ª Semana Mediterrânea de Líderes Econômicos (MedaWeek), que ocorreu de quarta (21) até esta sexta-feira (23) em Barcelona, na Espanha, e da qual participaram a executiva de negócios internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Fernanda Baltazar (foto acima), e o presidente da entidade, Rubens Hannun.
Hannun assinou pela Câmara Árabe, na abertura do encontro, um memorando de entendimento com a Associação das Câmaras de Comércio e Indústria do Mediterrâneo (Ascame), uma das entidades promotoras do encontro. Baltazar acompanhou as discussões na quinta-feira (22) e nesta sexta e, em entrevista à ANBA, destacou as palestras e conversas sobre inovação e halal, que foram temas da programação nestes dois dias, respectivamente.
De acordo com ela, os palestrantes defenderam o intercâmbio entre os países mediterrâneos da África, do Oriente Médio e da Europa e apresentaram as complementaridades das regiões. “A Europa precisa diversificar a sua economia e precisa de mão de obra jovem, enquanto que os países do Mediterrâneo da África e Oriente Médio precisam de crescimento”, disse Baltazar.
As discussões giraram em torno também da economia azul, modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade, principalmente das atividades ligadas ao mar. Neste contexto, foram abordados na MedaWeek a pesca sustentável, o turismo costeiro, o benefício das atividades econômicas às comunidades vinculadas ao mar, o funcionamento dos portos, entre outros temas. O uso da tecnologia e a inovação nestas áreas também esteve em pauta.
Os participantes da MedaWeek falaram ainda sobre o halal e defenderam a necessidade de padronização deste mercado, algo que já vem sendo discutido pelos maiores países consumidores de halal. O halal é composto de produtos e serviços feitos segundo regras islâmicas. De acordo com Baltazar, outro tema amplamente debatido dentro do halal foi o turismo. A Espanha vem trabalhando para atrair turistas muçulmanos oferecendo serviços halal.
De acordo as discussões em Barcelona, o turismo halal não se restringe a oferecer aos visitantes comida halal e locais sem bebida alcoólica, mas também espaços para reza, spas, e, principalmente, ter à disposição um ambiente confortável aos costumes dos que vivem sob os preceitos halal. Foi sugerido que os hotéis e pontos turísticos tenham, por exemplo, locais para famílias e outros para mulheres, e até mesmo piscinas privadas. Segundo número divulgado, o turismo halal movimentará US$ 283 bilhões em 2022.
Baltazar destaca a importância de a Câmara Árabe participar de eventos como o MedaWeek. “Temos olhado muito para os países árabes, e aqui estamos tendo um olhar global”, disse ela. Observar o relacionamento próximo dos países árabes do Mediterrâneo com os países da Europa é importante, segundo a executiva, para entender suas preocupações e mercados, e saber como o Brasil pode contribuir nesse relacionamento. A executiva da Câmara Árabe acredita que isso, inclusive, pode ser explorado com a assinatura do acordo entre a entidade e a Ascame. O memorando prevê troca de informação e ações conjuntas para fomentar as relações comerciais.