Alexandre Rocha
São Paulo – Com a meta de consolidar o mercado internacional de biocombustíveis, especialmente do etanol, o Brasil, Estados Unidos, África do Sul, China, Índia e a Comissão Européia, lançam, nesta sexta-feira (02), na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, o Fórum Internacional de Biocombustíveis.
De acordo com informações do Itamaraty, que no Brasil está à frente deste projeto, a idéia é fazer com que os maiores produtores e consumidores dos biocombustíveis se coordenem e criem normas técnicas comuns para o setor, definam padrões de produção, transporte, armazenagem, entre outros itens. Com isto, os países participantes esperam transformar produtos como o etanol e o biodiesel em commodities energéticas, não apenas agrícolas.
Neste sentido o Fórum, que terá duração de um ano, vai criar dois grupos de trabalho, um destinado ao intercâmbio de informações sobre avanços científicos e tecnológicos, e outro que vai discutir padrões e normas para o setor, incluindo infra-estrutura, logística e comércio internacional. Os grupos, segundo o Itamaraty, vão atuar na organização da Conferência Internacional de Biocombustíveis, programada para ocorrer em 2008 no Brasil.
Na avaliação do governo brasileiro, a ampliação do uso de biocombustíveis vai causar uma substituição parcial da utilização dos derivados do petróleo, reduzir as emissões de gases poluentes, além de atrair investimentos para a cadeia produtiva.
As normas internacionais mais claras, segundo o Itamaraty, vão incentivar o setor privado no Brasil e em outros países. Alérm disso, a difusão e o aumento da produção vão gerar economias de escala e, consequentemente, a redução de custos.
Conforme a ANBA publicou ontem (28), o setor sucroalcooleiro do Brasil estima que em 10 anos 50% da produção brasileira de etanol estará nas mãos de estrangeiros. Só para se ter uma idéia da dimensão do crescimento esperado, no ano passado a participação do capital externo no setor ficou em 3,4%.
Para o governo brasileiro, a produção do biocombustíveis é um importante vetor para o desenvolvimento. No Brasil o setor sucroalcooleiro movimenta cerca de R$ 40 bilhões ao ano e gera 1 milhão de empregos diretos, segundo o Ministério da Agricultura. Já a produção de biodiesel em escala comercial está apenas começando no país e o governo aposta que ela vai beneficiar cada vez mais pequenos produtores de oleaginosas, como a mamona por exemplo.
Brasil e Estado Unidos, que são os dois maiores produtores internacionais de etanol, têm alardeado sua intenção de transformar o álcool em uma grande commodity internacional. Este será o tema principal do encontro que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush vão ter no dia 09 em São Paulo. O Itamaraty avalia que o Fórum e o diálogo Brasil-EUA sobre o setor não são iniciativas excludentes, mas complementares.